Quantas carreiras cabem numa só carreira? No caso de Vanda de Jesus, nove. A atual diretora-geral da fintech americana iCapital em Portugal dedicou os seus mais de 20 anos de carreira a apoiar a transição digital do país, das suas empresas e da economia. Fê-lo em empresas, sectores e funções distintas, da UMIC - Agência para a Sociedade do Conhecimento, à Feira Internacional de Lisboa, passando pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações, pela tecnológica Microsoft, a Portugal Digital e agora pela iCapital.
Licenciada em Gestão, Vanda de Jesus tem um único arrependimento: “não ter sido engenheira. Esse background teria dado jeito em algumas discussões”, admite. Apesar de planificar quase todos os aspetos da sua vida - incluindo a maternidade - numa espécie de excel mental, garante que não planeou o seu percurso de carreira, nem teve nunca a ambição de liderar uma empresa, talvez porque, habituada que estava a trabalhar diretamente com líderes de topo, “sabia o que vinha com a função”.
Durante um longo período da sua vida não só não pensava, como não queria, chegar ao topo. “Dizia sempre que o máximo que queria era ser o n.º 2. Uma posição confortável onde podemos influenciar as decisões, prepará-las, sem ter de viver com elas, sem a solidão do líder”, admite.
Focada no agora mais do que no futuro, descreve-se como uma líder enérgica que tem ansiedade de viver tudo e a toda a hora com a máxima intensidade. Planeia para poder mudar de planos sem sobressaltos e sempre a três anos: “o primeiro é para aprender e entrar na função, o segundo para entregar em velocidade o que aprendi e o terceiro para preparar a sucessão”, diz.
E a questão da sucessão é particularmente relevante para a Vanda de Jesus. Ser insubstituível, defende, não deve ser uma ambição para nenhum líder. “A melhor coisa que pode acontecer a um líder é ser capaz de garantir que executa o seu trabalho de maneira que não dependa apenas dele. É claro que deixa a sua marca, pode fazer sempre algo único, mas a garantia de continuidade do seu trabalho [na sua ausência] é a melhor prova que um bom líder pode dar em qualquer organização", explica.
O CEO é o limite é o podcast de liderança e carreira do Expresso. Todas as semanas a jornalista Cátia Mateus mostra-lhe quem são, como começaram e o que fizeram para chegar ao topo os gestores portugueses que marcaram o passado, os que dirigem a atualidade e os que prometem moldar o futuro. Histórias inspiradoras, contadas na primeira pessoa, por quem ousa fazer acontecer. Ouça mais episódios: