Fundador do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, onde é responsável pelo Laboratório Sonho, Sono e Memória, Sidarta Ribeiro é mestre em Biofísica, doutorado em comportamento animal, com um pós-doutorado em Neurofisiologia pela Duke University, nos Estados Unidos, onde passou mais de uma década debruçado em pesquisas sobre o cérebro humano.
Também é conselheiro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e no Brasil é é apontado como um dos maiores especialistas em substâncias psicoativas. Defende que a cannabis é a grande revolução da medicina do século XXI, assim como os antibióticos o foram no século passado.
O seu livro “O Oráculo da Noite" conseguiu levar a história e a ciência dos sonhos até milhares de pessoas que nunca antes tinham tido acesso a um texto de caráter científico. E é com um olhar histórico que defende a recuperação de valores matriarcais que o fazem acreditar que serão as mulheres a decidir as próximas eleições brasileiras.
Sidarta Ribeiro acredita que “para o bem ou para o mal”, as eleições brasileiras de 2 de outubro terão um impacto planetário. E explica porquê: “Não só porque o Brasil tem a maior parte da Amazónia no seu território, como é um país que produz alimentos importantes para o planeta, mas porque o Brasil tem um papel de defender a alegria, a energia vital e a vontade de viver nesse planeta e neste momento isso está em xeque.”
Na conversa com o Expresso, o neurocientista mostra um lado mais otimista quando é confrontado com a visão do Brasil como um cérebro. Se assim fosse, seria possível garantir a sua regeneração? Para Sidarta Ribeiro sim, mas a população terá de decidir como se quer posicionar no futuro.
“Dá para recuperar porque, sendo um país, as pessoas estão nascendo e se renovando o tempo todo, mas mesmo que fosse o cérebro de uma pessoa, os cérebros são muito plásticos, se modificam. O Brasil está a passar por traumas, como a pandemia, e vai ter de saber se quer entrar no século XXI com uma agenda socio-ambiental contemporânea ou se vamos voltar para o século XIX.”