1. Pode ser — e é o mais provável — que a Comissão Parlamentar de Inquérito à gestão da Caixa Geral de Depósitos, por mais contundentes que sejam as suas conclusões, acabe por não desaguar em consequências práticas. Mas numa coisa, pelo menos, esta CPI já prestou um notável serviço ao país, dignificando o trabalho parlamentar: revelou a uma luz impiedosa a verdadeira natureza dessa casta privilegiada dos banqueiros nacionais, que a si mesmos se viam e tratavam como uma elite insubstituível e incomparável, inteiramente merecedora dos luxos, das mordomias, das medalhas e dos encómios de que sempre viveu rodeada. Afinal de contas e para tudo dizer em poucas e brutas palavras, pelo que ali mostraram, valem zero. Não admira que os seus incomparáveis talentos na arte bancária tenham deixado uma conta de 23.000 milhões de euros para os contribuintes pagarem. Não foi por acaso.