Terça-feira de manhã, subitamente, instala-se o pânico generalizado: começa a faltar o combustível nos aeroportos e há uma possibilidade real de faltar em todos os serviços vitais e nas próprias bombas de gasolina. Uma greve vinda não se sabe de onde nem porquê ameaça desencadear um incêndio em todo o país, como na véspera uma simples fagulha pegou fogo à Notre-Dame de Paris. Nas televisões só se escutam por ora os piquetes dos sindicalistas em greve e o que dizem deixa-me naturalmente ao lado deles: ganham 670 euros de salário, trabalham 15 horas por dia ao volante dos camiões sem receberem horas extraordinárias, num verdadeiro “trabalho escravo”, e tudo o que querem é ver reconhecida a sua especialidade como condutores de matérias perigosas — e receberem mais por isso. À noite, porém, escuto as razões da associação patronal e algumas respostas dos sindicalistas, e tudo aparece a outra luz: o salário médio, afinal, é de 1200 ou 1430 euros, segundo uns ou outros; a especialidade já é reconhecida através de um subsídio dada a estes camionistas; em vez de terem prémios por desempenho ou por quilómetro, querem prémios por hora de trabalho, o que se presta a evidente batota; e, claro, querem o reconhecimento da profissão como de desgaste rápido para efeitos de reforma antecipada. Nada disso impede que tenham a razão ou grande parte dela do seu lado, apenas detesto que me mintam.
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