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Opinião

O sentido de humor (sádico) de Deus

Perante o silêncio e o humor negro de Deus, é impossível não me sentir atraído pelo Satã do “Paraíso Perdido”.

Ser crente é sempre difícil, a fé é uma fábrica de dilemas. Confesso que às vezes tenho saudades da minha vida antes da fé: era muito mais simples, ser pagão é uma maravilha, é uma leveza que nem vos conto. E, se é sempre difícil, há alturas então em que é mesmo insuportável ter fé, tal é o silêncio de Deus. Há de facto momentos em que é complicado não ficar desarmado perante a dúvida de Hume e de todos os céticos empiristas: mas como é que pode haver um Deus que é em simultâneo todo-poderoso e bondoso? Olhando para o estado caótico do mundo, é evidente uma coisa: se Ele é todo-poderoso, então não é bondoso, porque não quer travar o mal; se Ele é bondoso, então não é todo-poderoso, porque não consegue travar o mal.

Perante o silêncio e o humor negro de Deus, é impossível não me sentir atraído pelo Satã do “Paraíso Perdido”