Exclusivo

Opinião

Erguer um muro de silêncio

Quem tenta obliterar do espaço público a complexidade deste conflito, criminalizando-a, não deseja apenas a condenação inequívoca do Hamas. Deseja construir um muro de silêncio entre a opinião pública e a criminosa chacina em Gaza. Deseja aproveitar o abjeto massacre do Hamas para um “momento zero” que apague o passado, dando a Israel carta-branca para o presente e o futuro

FOTO Shaul Schwarz/Getty Images

Na mesma Feira de Frankfurt que cancelou o lançamento do livro de Adania Shibli sobre a Nakba de 1948, o filósofo Slavoj Zizek avisou que não receberia aplausos: “Quem diz que é necessário analisar o contexto complexo desta situação é acusado de justificar ou apoiar o terrorismo do Hamas. Percebem a que sociedade pertence esta proibição de análise?” Depois de ter condenado de forma clara o Hamas, dizendo expressamente que “nada pode justificar o assassínio, o ferimento e o sequestro deliberados de civis ou o lançamento de mísseis contra alvos civis” e exigindo a libertação dos reféns, António Guterres falou da ocupação de terras por colonatos, da violência quotidiana, da economia sufocada, de pessoas deslocadas e das suas casas demolidas, para explicar como a esperança dos palestinianos numa solução política foi desaparecendo. Não merece disputa factual, mas Israel exige o “vácuo” numa guerra com quase um século.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.