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Opinião

A liberdade é assunto de gente livre

Pode ter acontecido, e será mais fácil de crer, que a húbris de Paddy tivesse crescido exponencialmente com o seu sucesso e pensasse que tinha atingido o nível de um Soros, Buffett, ou Gates, que podem dizer o que querem, embora no geral o façam com o cuidado de um diplomata

Temos um ‘geek’, talvez uma espécie de ‘hippy’ do século XXI, onde a conversa de paz e amor é substituída pela da tecnologia e suas maravilhas. Um homem que vende, além da sua inteligência e iniciativa, a sua pose, o seu estilo, os seus compromissos. E vende-os caro: 11 milhões de euros por ano para organizar o seu certame em Lisboa. Um dia esse ‘geek’ diz o que pensa (ou o que pensa que devia pensar) e descobre (ele próprio e uma série de distraídos) que afinal não é um homem livre.

Há vários exemplos do estilo; cada vez é mais comum vender uma ideia, uma iniciativa cuja concretização é construída com o dinheiro dos outros. São figuras dependentes de muitas coisas – patrocinadores, oradores, artistas, o que for - e, como em todas as profissões em que se depende dos humores (e por vezes favores) de clientes, apoiantes e participantes, a amplitude da liberdade é semelhante à de uma candidata (ou candidato, pelos vistos) a Miss Mundo: defender a paz, sem nunca acusar ninguém. Numa palavra, não ter opinião.