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Opinião

Para Gaza, rapidamente e em força!

“Vamos para combater, não contra seres humanos, mas contra selvagens. Vamos enfrentar terroristas que devem ser abatidos como animais.” Haverá muitas diferenças. Mas a semelhança entre as palavras do ministro do Exército português, em 1961, e as do ministro da Defesa israelita, em 2023, depois de massacres, não é coincidência

d.r.

“Esta é a prova nua e nauseante da selvajaria inacreditável dos terroristas que atravessam a fronteira do Norte de Angola para degolar, violar e mutilar as nossas mulheres e crianças por todas as fazendas e aldeias indefesas em que passavam, sem a menor provocação (...). Não importa quanto gritam sobre a repressão portuguesa, sobre a exploração portuguesa, (...) a prova nua está aqui, demasiado nauseante para ser olhada.” Este foi o discurso do embaixador português Vasco Garin na ONU, exibindo ao Conselho de Segurança algumas das horrendas fotografias do massacre da UPA, em 1961. Como o jornalismo tem a tentação para o eterno começo, socorro-me, para grande parte deste texto, de um artigo académico do historiador de arte Afonso Dias Ramos, “Angola 1961, o horror das imagens”, do livro coletivo de 2014 “O Império da Visão”. É quase desnecessário explicar o que foram os massacres de março de 1961, no Norte de Angola, liderados pela UPA. As horrendas fotografias criaram um trauma. E quem não tem essa memória encontrará numa busca rápida os cadáveres profanados e desmembrados, com intestinos de fora, crânios rebentados, caras desfiguradas, genitália serrada. Barrado o acesso da imprensa internacional, o regime colonial enviou fotógrafos e operadores de câmara para captar imagens dos cadáveres em decomposição, só depois enterrados pelos soldados. Recolhia-se material de guerra: imagens.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.