Normalmente quase todos os seres humanos, perante um problema difícil, escolhem duas vias diferente para o tratarem, enquanto uns escolhem a via mais simples, potencialmente a mais compreensível para a generalidade das pessoas, outros preferem complicar a questão até ser quase impossível proceder ao seu debate de forma racional. Pessoalmente, prefiro a via da simplicidade e sempre me dei bem com a experiência. Aplicando este princípio ao caso da guerra entre Israel e o Hamas, eis o que penso:
Quase todas as guerras são travadas entre aquilo que cada pessoa considera serem os bons contra os maus e vice-versa. Foi assim, por exemplo, na guerra de 1939-1945, como é agora na Guerra da Ucrânia, como em muitas outras guerras. Todavia neste caso da guerra na Palestina a situação é diferente, trata-se de uma guerra entre os maus contra os maus e isso faz toda a diferença, porque ambos os contendores têm sido ao longo dos anos o maior obstáculo a uma solução pacífica, pelos menos desde os acordos de Oslo. Ambos são maus, o Hamas porque não reconhece o Estado de Israel e Israel porque ao longo dos anos tem aplicado uma política expansionista que tende a expulsar os palestinos dos locais onde nasceram.
Ora sendo assim, uma guerra entre ambos só pode conduzir ao enfraquecimento dos dois, nomeadamente se Israel invadir com o seu exército a facha de Gaza, que será previsivelmente uma guerra urbana com enormes baixas de ambos os lados. Ou seja, o enfraquecimento dos dois lados da equação é uma grande oportunidade para uma intervenção internacional, idealmente através das Nações Unidas, o que nas actuais circunstâncias do Conselho de Segurança não parece viável. Resta assim o papel principal das democracias, nomeadamente Estados Unidos e União Europeia, gostem ou não os restantes países, o que inclui a Rússia e a China, tal como o Irão.
Uma nota final para dizer que, tal como em 1939, este é o tempo dos estadistas, os que têm a qualidade de simplificar os problemas mais complexos.