Já repararam que a guerra na Ucrânia quase eclipsou-se do espaço público e dos debates? De repente, a prioridade informativa passou para uma nova tragédia, tão ou mais devastadora da que continua a desenrolar-se em território ucraniano. A banalização da guerra é um resultado particularmente cruel.
Ao contrário do que se passa no caso da Ucrânia, em que a opinião pública ocidental condena maioritariamente a invasão russa, o ato de terrorismo do Hamas e a resposta israelita têm por aqui dividido opiniões, isto numa lógica que, muitas vezes, é determinada por preconceitos políticos e tribalismo. Numa âmbito mais genérico, que enquadra a interminável disputa entre Israel e a Palestina, a direita tende a dar razão aos primeiros, enquanto a esquerda tende a dar razão aos segundos. Ora, a disputa constitui um dos casos mais complexos do nosso tempo, com raízes que mergulham fundo na História e que cresceram com base numa série de erros, parte dos quais de responsabilidade do mundo ocidental.