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Opinião

A faixa de Gaza continua a ser um beco sem saída

Em Israel, nada será igual depois daquele ato hediondo e da terrível falha das suas forças de segurança. Em todo o caso, os cidadãos israelitas sabem que têm um Estado que falhou mas que os quer defender. Já os palestinianos da faixa de Gaza podem contar com quase nada. São usados pelo Hamas como escudos humanos e, em maior ou menor grau, instrumentalizados pelos países árabes e pelo Irão. Neste momento (...) os habitantes de Gaza estão perante o terrível dilema de ficar na sua terra ou iniciar um êxodo para, previsivelmente, nunca mais voltarem

Já repararam que a guerra na Ucrânia quase eclipsou-se do espaço público e dos debates? De repente, a prioridade informativa passou para uma nova tragédia, tão ou mais devastadora da que continua a desenrolar-se em território ucraniano. A banalização da guerra é um resultado particularmente cruel.

Ao contrário do que se passa no caso da Ucrânia, em que a opinião pública ocidental condena maioritariamente a invasão russa, o ato de terrorismo do Hamas e a resposta israelita têm por aqui dividido opiniões, isto numa lógica que, muitas vezes, é determinada por preconceitos políticos e tribalismo. Numa âmbito mais genérico, que enquadra a interminável disputa entre Israel e a Palestina, a direita tende a dar razão aos primeiros, enquanto a esquerda tende a dar razão aos segundos. Ora, a disputa constitui um dos casos mais complexos do nosso tempo, com raízes que mergulham fundo na História e que cresceram com base numa série de erros, parte dos quais de responsabilidade do mundo ocidental.