Foram reescritas passagens dos livros de Roald Dahl para fazer desaparecer termos considerados ofensivos. “Gordo” foi substituído por “enorme” (é menos ofensivo?), “homens-nuvem” passaram a ser “pessoas-nuvem” e o resto conseguem imaginar. Como escreveu Rogério Casanova, num texto a que regressarei, “o que torna este caso hilariante é quão inadequados são os livros de Dahl, em qualquer versão, como veículos de instrução moral.” Este movimento de edição de obras literárias foi criticado por muitos autores, alguns com a autoridade moral de Salman Rushdie, que arriscou a vida para resistir a outros moralistas.
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O mercado é o maior censor
A pressão para adaptar livros para crianças à moral dominante nem vem apenas de um lado, nem é nova. Mas desapareceu o aparente consenso sobre essa moral e a clivagem esconde-se atrás de um debate sobre a censura. Com os livros para adultos o debate é diferente. As editoras não contratam “leitores sensíveis” porque estão preocupadas com as minorias. Só querem prever as reações do mercado