Rússia e ocidente são realidades diferentes que quase sempre se olharam com desconfiança. O ocidente medieval é, genericamente, produto da herança clássica grega e romana, do cristianismo e do elemento germânico. A estes, juntem-se influências mais localizadas, como a muçulmana na Península Ibérica, a Celta na Irlanda, ou a viking na Escandinávia. Mas o ocidente europeu é também produto das evoluções da época contemporânea, como a revolução francesa, o liberalismo politico, a democracia e o estado social.
A Rússia é diferente em quase tudo. Em comum tem o cristianismo - apesar de desde muito cedo separado da igreja de Roma (Cisma ortodoxo, 1054) - a herança clássica por via bizantina, e uma remota origem escandinava que, pelo século X, misturou-se com a eslava. O cruel domínio mongol (séculos XIII a XV) marcou profundamente o carácter russo, apesar de não ter originado miscigenação. Para além do mais, provocou um corte entre os russos do antigo principado de Kiev, que se dividiram entre os que ficaram sobre domínio do invasor, e aqueles que se integraram no reino da Polónia.