O Partido Conservador do primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, sofreu novas derrotas ao perder dois lugares na Câmara dos Comuns para o Partido Trabalhista, a maior força da oposição, em eleições parciais realizadas na quinta-feira. Dan Egan ganhou o assento na Câmara dos Comuns pelo círculo eleitoral de Kingswood, no sudoeste de Inglaterra, e Gen Kitchen ganhou em Wellingborough, no centro do país, derrubando as grandes margens que os conservadores tinham obtido nas últimas eleições legislativas, em 2019.
O Partido Trabalhista obteve 44,9% dos votos em Kingswood e 45,9% em Wellingborough, contra 34,9% e 24,6% do Partido Conservador, respetivamente. Há quatro anos os tories tinham vencido em Kingswood por 56,2%-33,4% e em Wellingborough por 62,2%-26,5%, o que dá boa conta da reviravolta eleitoral.
A maior surpresa foi o desempenho do Partido Reformista, de direita radical, que ficou em terceiro lugar nas duas circunscrições (10,4% em Kingswood e 13% em Wellingborough), aumentando a pressão sobre os conservadores. Esta formação descende do Partido do Brexit, outrora liderado por Nigel Farage e hoje por Richard Tice.
Alívio para os trabalhistas
O líder trabalhista, Keir Starmer, disse que os resultados “mostram que as pessoas querem mudança” porque os conservadores “falharam”, atribuindo a recessão económica à gestão de Rishi Sunak. “É por isso que temos visto tantos antigos eleitores conservadores a mudarem diretamente para este Partido Trabalhista transformado.”
Os resultados contribuem para agravar os receios entre os conservadores de que, após 14 anos no poder, o partido esteja a caminhar para uma derrota quando se realizarem eleições legislativas, previstas para o final do ano. Os tories continuam 10 a 20 pontos percentuais atrás dos trabalhistas nas sondagens e já perderam 10 eleições parciais desde as últimas eleições legislativas, em 2019, mais do que qualquer Governo desde a década de 1960. Mesmo assim, mantêm maioria absoluta na Câmara dos Comuns, a câmara baixa do Parlamento britânico.
O resultado das duas eleições de quinta-feira representa um alívio para Starmer, depois de uma semana difícil em que teve de retirar o apoio a um candidato numa outra eleição parlamentar parcial, a realizar em Rochdale no dia 29. Azhar Ali deixou de representar os trabalhistas por ter feito comentários antissemitas, pelo que o partido não estará no boletim de voto. Quando Starmer decidiu cortar com Ali, era demasiado tarde para apresentar um substituto.