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Espanha e Reino Unido eliminam fronteira de Gibraltar com o aval de Bruxelas, mas ambas continuam a reivindicar soberania sobre o Rochedo

Após cinco anos de negociações, Madrid e Londres põem de lado as questões de soberania que impediram pactos anteriores. Cria-se uma zona de livre circulação de pessoas e bens que, na prática, põe o território dentro do espaço Schengen

As longas filas na fronteira entre Espanha e Gibraltar vão deixar de existir
Francisco J. Olmo/Europa Press/Getty Images

Parece haver razões para otimismo em Gibraltar, embora cauteloso. Após muitas tentativas de negociação falhadas, Espanha e o Reino Unido chegaram a acordo para encaixar aquele território britânico do sul da Península Ibérica no novo panorama de relações continentais resultante da saída dos britânicos da União Europeia (UE). Sob a tutela do comissário europeu do Comércio, o eslovaco Maros Sefcovic, e com apoio ativo do primeiro-ministro gibraltino, Fabián Picardo, os ministros dos Negócios Estrangeiros espanhol e britânico, respetivamente José Manuel Albares e David Lammy, selaram esta quarta-feira, com um aperto de mão e uma fotografia de grupo, um pacto que permitirá a livre circulação de pessoas e bens através da passagem que separa a área conhecida como El Peñón (o Rochedo) da zona espanhola de Campo de Gibraltar, com capital em La Línea de la Concepción.

O resultado mais visível do convénio diplomático é o fim da fronteira que é símbolo oprobrioso da última colónia em solo europeu, formalizada desde 1713 por cedências espanholas ao Reino Unido ao abrigo do Tratado de Utreque. A barreira física condicionou durante séculos os povoadores da zona, tendo sido utilizada pelos regimes envolvidos, independentemente de cor política ou orientação, como instrumento de pressão para obterem os seus objetivos.