O Governo britânico está a ser pressionado para adotar o modelo nórdico que pune os clientes das prostitutas, sob pena do país se transformar num pólo de prostituição, devido às diferenças da legislação face ao resto da Europa.
Segundo o "The Guardian", o Executivo de David Cameron tem sido alvo de vários apelos de membros parlamento britânico, grupos femininistas e políticos europeus, que alertam para os riscos da prostituição se agravar no país.
Mary Honeyball, relatora da Comissão de Igualdade dos Género do Parlamento Europeu, foi uma das figuras que pediu ao governo britânico para optar pela criminalização da prostituição, seguindo o exemplo de França, cujo parlamento aprovou na semana passada um projeto-lei, que prevê uma multa de 1500 euros para os clientes da prostituição.
"Nós precisamos de um modelo único europeu. Caso contrário, corremos o risco de incentivar o turismo sexual, cenário que penso que nenhum governo quer ver. Se este assunto não for resolvido de forma séria, então eu penso que poderemos encontrar no Reino Unido um verdadeiro alvo", afirmou Mary Honeyball.
Apesar dos alertas, o governo britânico parece não ter planos de alterar para já a lei sobre a prostituição, mas o ministro da Segurança, James Brokenshire, garante, contudo, que o executivo está empenhado em combater todas as formas de escravidão, sendo uma prioridade da Agência Nacional do Crime (NCA).
270 mil vítimas de exploração sexual na Europa
"E isso inclui todas as formas de exploração sexual, que é um dos mais comuns tipos de abuso identificado em vítimas de tráfico no Reino Unido", disse James Brokenshire.
Já as prostitutas queixam-se que a alteração à lei vai prejudicá-las. "Criminalizar os clientes não vai parar a prostituição. Isso dificultará a proteção das prostitutas, que serão ainda mais estigmatizadas", afirmou Niki Asmas, da Associação Britânica de Prostitutas.
A Europa está preocupada com o facto de cada vez mais mulheres serem vítimas de exploração sexual: os dados mais recentes do Parlamento Europeu apontam para a existência de cerca de 270 mil vítimas.
A Suécia foi o primeiro país a penalizar os clientes de prostitutas em 1998, tendo o número de mulheres nas ruas descido para cerca de dois terços. Depois foi a Noruega a adotar a medida e mais recentemente a França, na semana passada.
Neste momento, a Bélgica, a Irlanda e a Holanda estão também a estudar a hipótese de alterarem a legislação nesse sentido.