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Guerra no Médio Oriente

Uma ocupação por qualquer outro nome é, mesmo assim, uma ocupação. Porque nunca aparece tal palavra nos documentos do Governo de Israel?

Ocupar um território não é só tomá-lo pela força. A partir do momento em que um exército domina certa porção de terreno, as pessoas residentes nele passam a ser responsabilidade da potência ocupante. É por isso que a palavra “ocupação” não aparece em nenhum ponto do documento aprovado pelo Governo israelita para a nova fase da guerra em Gaza. Telavive quer evitar qualquer responsabilidade pela população civil, ao arrepio do direito internacional

Veículos militares israelitas avistados perto da fronteira com Gaza, no sul de Israel
Abir Sultan/EPA

“Temos cerca de 70 a 75% de Gaza sob controlo militar israelita, mas restam dois bastiões. São a cidade de Gaza e os campos centrais em Al Mawasi”, disse Benjamin Netanyahu, numa rara conferência de imprensa em inglês, no início da semana. Estava lançada mais uma fase de escalada numa guerra que já matou mais de 63 mil pessoas, segundo o Ministério da Saúde de Gaza (controlado pelo grupo jiadista Hamas). Um estudo da equipa do investigador Michael Spagat, da Universidade de Londres, que entrevistou 2000 agregados familiares em Gaza, refere perto de 80 mil pessoas, indo a investigação só até janeiro de 2025.