A China tem uma relação política com os palestinianos que remonta à era de Mao. Mas as conversações que envolveram 14 grupos, reunidos em Pequim, para sanar divergências fazem parte de um “esforço recente, através do qual a China tem procurado aumentar a presença diplomática no Médio Oriente, o que é fundamental para os seus interesses económicos e estratégicos”, observa Sean Foley, professor na Universidade do Tennessee Central, nos Estados Unidos, e perito em História do Médio Oriente, em declarações ao Expresso.
“Pequim tem estado cada vez mais ativa na diplomacia do Médio Oriente, e foi fundamental na renovação das relações diplomáticas entre o Irão e a Arábia Saudita, no ano passado, querendo agora aumentar ainda mais a sua influência”, refere ao Expresso John Strawson, perito em Estudos do Médio Oriente, e, mais concretamente, no conflito israelo-palestiniano, que leciona na University of East London.
Com o prolongamento da guerra em Gaza, os Estados Unidos também terão deixado uma brecha na região. “A China vê claramente uma oportunidade para uma maior influência no mundo árabe, à medida que os Estados árabes se desencantam com os Estados Unidos, devido ao seu apoio a Israel em Gaza e ao fracasso no controlo da ofensiva de Netanyahu”, diz ao Expresso Jamie Shea, antigo secretário-geral adjunto para os Desafios Emergentes de Segurança no quartel-general da NATO em Bruxelas. “Foi um golpe de mestre para Pequim anunciar esta nova aliança palestiniana na semana em que Netanyahu visitou Washington, tentando aproximar ainda mais os EUA de Telavive.”