A palavra é simples, mas a situação é tudo menos isso. “Acesso”. Como trabalhador humanitário, representante e diretor para a Palestina do Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas, Samer Abdeljaber só pede acesso: para fazer chegar os mantimentos das doações internacionais à Faixa de Gaza, para conseguir chegar às pessoas que precisam de ajuda e aos colegas, que trabalham em rede, quer se fale da ONU, quer se fale da Cruz Vermelha.
No terreno, a agilidade e a criatividade tomam o lugar da segurança, se alguma vez ali a houve. Samer Abdeljaber diz que não, mas também salienta que a crise nunca foi tão aguda e nunca os palestinianos sofreram tanto. Há falta de tetos, de água para beber, cozinhar e tomar banho, de luz e de energia até para carregar o telemóvel. Muitas pessoas não sabem se na próxima refeição poderão comer.
Há três anos a trabalhar a partir da base em Jerusalém e há 20 no Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas, o trabalhador humanitário deixa, nesta entrevista com o Expresso, um alerta sobre o desespero de mais de dois milhões de pessoas retidas em Gaza.