Aparências e narrativas são importantes para o Presidente dos Estados Unidos, que construiu uma retórica de resolução rápida dos conflitos. Por isso, após a reunião improvisada no Vaticano, à margem do funeral do Papa Francisco, gerou-se algum otimismo de que Volodymyr Zelensky poderia ter persuadido Donald Trump a não ceder às exigências russas de concessões territoriais ucranianas. Nas últimas horas, tornou-se evidente que o líder ucraniano ainda tinha um coelho a tirar da cartola: o assunto (adiado) das terras raras, cujo acordo foi selado esta quarta-feira.
Depois de a reunião na Sala Oval, no final de fevereiro, ter culminado em gritos e ter votado o acordo para a exploração de minerais em solo ucraniano ao esquecimento, os Estados Unidos e a Ucrânia resolveram reavivá-lo, anunciando a criação de um novo fundo de reconstrução e investimento.
O acordo económico assinado entre os dois países visa dar aos EUA acesso aos recursos das reservas de minerais de terras raras da Ucrânia, incluindo lítio, titânio e grafite, metais fundamentais para as baterias, as tecnologias de informação e comunicação (fabrico de telemóveis) e automóveis. Não se podem também fazer tecnologias verdes — o que ironicamente tornará os Estados menos dependentes dos hidrocarbonetos russos —, inteligência artificial ou tecnologias de defesa sem estes minerais estratégicos críticos, e isso é importante não só para os Estados Unidos como para a Europa, cujas economias querem posicionar-se melhor na tecnologia de ponta, face à China (que detém a maior parte desses recursos).