Guerra na Ucrânia

Cidadão ucraniano suspeito de envolvimento na sabotagem do Nord Stream regressou ao país, confirmaram as autoridades polacas

Dois anos depois, as explosões nos gasodutos Nord Stream 2 continuam sem ter responsáveis identificados, mas há três suspeitos, todos ucranianos. A procuradoria-geral da Polónia explicou que os alemães não colocaram o nome do suspeito numa base de dados, permitindo que este atravessasse a fronteira com a Ucrânia sem percalços

Imagem captada por um F.16 dinamarquês da bolha provocada pela fuga de gás do Nord Stream 2, na região de Bornholm, Dinamarca
Anadolu Agency / Getty Images

A Polónia anunciou esta quarta-feira que o cidadão ucraniano suspeito de estar envolvido na sabotagem dos gasodutos Nord Stream, em 2022, já não se encontra no país, depois de ter confirmado o mandato de captura das autoridades alemãs. Segundo confirmaram os procuradores polacos à agência Reuters, o homem, identificado como Volodymyr Z, abandonou o país em liberdade já que a Alemanha não incluiu o seu nome numa base de dados de fugitivos, o que dificultou qualquer detenção nos pontos de entrada.

A porta-voz da procuradora-geral da Polónia, Anna Adamiak, afirmou que o mandado de captura enviado pela Alemanha contra Volodymyr Z foi recebido em junho. “Em último caso, Volodymyr Z não foi detido porque no início de julho ele abandonou o território polaco, atravessando a fronteira polaca-ucraniana. A livre passagem pela fronteira dessa pessoa foi possível porque as autoridades alemãs não o incluíram numa base de dados de pessoas procuradas, o que quer dizer que a guarda fronteiriça não tinha conhecimento nem fundamentação para o deter”, explicou Adamiak.

Os ataques aos gasodutos Nord Stream 1 e 2, em setembro de 2022, ocorreu após sete meses de invasão russa na Ucrânia, e os países europeus do Báltico - incluindo a Alemanha, que continua a receber gás natural russo através da infraestrutura - têm investigado desde então quais as causas e quem foram os autores do ato de sabotagem.

Recentemente, as autoridades policiais alemãs identificaram Volodymyr Z, um mergulhador ucraniano, como um dos envolvidos na equipa que colocou os explosivos nos gasodutos, avançou a imprensa local.

O nome completo do suspeito não foi divulgado já que, segundo explica o comunicado citado pela Reuters, a lei polaca não permite a publicação de nomes completos em investigações criminais. Ainda não foram feitas quaisquer detenções no âmbito da investigação. Além de Volodymyr Z, foram identificados um homem e uma mulher, um casal de instrutores de mergulho ucranianos, segundo informações confirmadas pelo jornal Süddeutsche Zeitung.

Após a sabotagem, que libertou toneladas de gás natural nas águas do Mar Báltico, o projeto Nord Stream manteve-se como um dos pontos mais controversos da reação europeia à guerra na Ucrânia. Depois de várias rondas de sanções económicas, a Alemanha continua a depender substancialmente do fornecimento de gás natural, que foi sendo excluído dos acordos para a imposição de sanções à economia russa.

Além da Alemanha, a Dinamarca e a Suécia também abriram investigações sobre o caso. As autoridades suecas encontraram vestígios de explosivos perto do local do ataque e confirmaram que os estragos nos gasodutos tinham sido intencionais. Porém, nem suecos nem dinamarqueses identificaram qualquer suspeito antes de encerrarem os respetivos inquéritos, em fevereiro deste ano.

Apesar de a sabotagem dos gasodutos ser potencialmente da responsabilidade de um cidadão ucraniano, o Governo de Berlim deixou claro que a sua relação com Kiev não sofreu qualquer percalço, continuando a defender a integridade territorial da Ucrânia e a condenar a invasão russa na região.

“A investigação não tem qualquer relação com aquilo que o chanceler [Olaf Scholz] descreveu sobre o apoio à defesa da Ucrânia contra a guerra ilegal da Rússia, durante o tempo que for necessário”, reiterou um porta-voz do ‘bundeskanzler’ à agência britânica. Já a Ucrânia e o seu Ministério dos Negócios Estrangeiros não comentaram a investigação.