“Deem armas à Ucrânia agora”, pediu, este domingo, a senhora na foto que ilustra este artigo. Trata-se de uma participante numa manifestação de solidariedade para com a Ucrânia que se realizou em Cracóvia, na Polónia.
A mensagem contraria o espírito da expressa, este domingo, no Vaticano, pelo Papa Francisco que considerou o desarmamento “um dever moral”. “Quantos recursos são desperdiçados em despesas militares, que infelizmente continuam a aumentar devido à situação atual!”, disse o líder da Igreja Católica, a partir da janela do Palácio Apostólico, apelando à comunidade internacional que ganhe coragem para gerar um clima de confiança que leve à pacificação de Gaza e da Ucrânia.
No terreno, a paz não desbrava caminho. Um dia após ser alvo de uma chuva de mísseis disparados por drones lançados pela Rússia, a Ucrânia respondeu na mesma moeda e, este domingo, enviou um enxame de aeronaves não tripulados na direção de território controlado pelos russos.
Segundo o Ministério da Defesa da Federação Russa, as baterias antiaéreas abateram 38 drones ucranianos nos céus da Crimeia, a península ucraniana que a Rússia invadiu e anexou formalmente em 2014.
Março quente na Rússia
As autoridades russas esperam uma intensificação dos ataques à medida que se aproxima o 10º aniversário da anexação da península, que se celebrará a 18 de março próximo, o dia seguinte às eleições presidenciais na Rússia, em que Vladimir Putin deverá ser reeleito.
Confrontada com a falta de munições de artilharia, Kiev está a recorrer a ‘drones’ de fabrico próprio para atingir a retaguarda russa, em particular fábricas de armas, refinarias e depósitos de combustível.
Na Ucrânia analisam-se ainda os prejuízos do último ataque a Odessa, na sexta-feira passada, que atingiu um prédio residencial de nove andares (na foto). Este domingo, foram retirados dos escombros os cadáveres de uma mulher e de um bebé de oito meses, elevando para dez o número de mortos desse ataque.
Três das vítimas mortais eram crianças. “Marc, que nem sequer tinha três anos, Elizaveta, de oito meses, e Timothée, de quatro meses”, detalhou o Presidente ucraniano, nas redes sociais. “As crianças ucranianas são alvos.
Ucrânia mata a fome em África
Ao mesmo tempo que fala dos custos humanos da guerra, o governante ucraniano continua a apelar ao fornecimento urgente de munições, sistemas de defesa aérea e aviões a jato de combate para repelir o exército russo.
Zelensky procurou também demonstrar o papel positivo que a Ucrânia, mesmo em contexto de guerra, pode ter no mundo. Nas redes sociais, o ucraniano destacou o programa humanitário de fornecimento de cereais que “demonstra a dedicação da Ucrânia a ajudar os necessitados”.
O Presidente da Ucrânia destacou a entrega de 7665 toneladas de farinha de trigo ao Sudão e de 25 mil toneladas à Ucrânia.
A presença em Moscovo de Li Hui, representante do Governo chinês para Assuntos da Eurásia, com a missão de retomar as negociações internacionais sobre a iniciativa de paz de Pequim. A visita foi aproveitada pela Rússia para reafirmar a amizade com a China e mandar recados ao Ocidente.
“Os ultimatos apresentados à Rússia por Kiev e pelo Ocidente e os formatos de diálogo que os acompanham apenas prejudicam as perspetivas de um acordo e não podem servir de base para isso”, defendeu, este domingo, em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Federação Russa.
“Constatou-se que qualquer discussão sobre o acordo político-diplomático é impossível sem a participação da Rússia, tendo em conta os seus interesses no domínio da segurança.”