No mesmo dia em que a Rússia diz que os europeus começam a virar costas à Ucrânia, oito pessoas morreram numa vaga de ataques à Ucrânia. De acordo com o The Guardian, registaram-se pelo menos 70 feridos.
Os ataques tiveram como alvo a capital ucraniana e Kharkiv. As sirenes que alertam para os ataques aéreos soaram às 5h43 locais. Cerca de uma hora mais tarde, foram avistadas uma série de explosões e detritos em chamas caíram do céu.
"Atualmente sabemos de oito mortos e 60 feridos na cidade, entre eles seis crianças", informou o Serviço Estatal de Emergências sobre o ataque a Kharkiv. Entre os oito mortos, há uma mãe e uma filha. A criança teria nove anos. Segundo Maria Avdeeva, uma especialista em segurança que cobre a invasão desde o primeiro dia, “as duas estariam provavelmente a dormir nas suas camas”.
Em Kiev, foi atingido um clube desportivo no centro da cidade — um dos vários edifícios civis que ficaram danificados — e registaram-se 22 feridos (incluindo quatro crianças).
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que estes eventos eram "terror deliberado" perpetrado pela Rússia contra civis comuns e edifícios residenciais. “Infelizmente, há vítimas e mortes”, partilhada no seu canal de Telegram, segundo o “Guardian”.
Outras notícias que marcaram o dia:
⇒ O secretário-geral da NATO anunciou a assinatura de contratos no valor de mil milhões de euros para aquisição de munições de artilharia para reabastecer os países da Aliança Atlântica e facilitar a continuidade do apoio à Ucrânia. "Assinámos hoje contratos no valor de 1,2 mil milhões de dólares [cerca de mil milhões de euros] para comprar centenas de milhares de munições de artilharia de 155 milímetros", disse Jens Stoltenberg, em conferência de imprensa no quartel-general da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), em Bruxelas.
⇒ A Presidência russa assegurou que os europeus começam a virar costas à Ucrânia, um novo ataque de Moscovo numa altura em que a continuação da ajuda causa tensões internas na União Europeia e nos Estados Unidos. "Os europeus estão a aperceber-se de que deitaram o seu dinheiro fora", declarou Dmitri Peskov, o porta-voz do Presidente russo, Vladimir Putin, às agências noticiosas russas. Volodymyr Zelensky está, portanto, "numa posição muito difícil".
⇒ A Rússia rejeitou esta terça-feira, na ONU, as acusações de "deportação" de crianças ucranianas para o seu território após a invasão da Ucrânia, movidas por Kiev e diversas instâncias internacionais, reconhecendo ter "acolhido" mais de 700 mil. O Comité das Nações Unidas para os Direitos da Crianças, integrado por 18 peritos independentes, examinou durante dois dias em Genebra este dossiê no âmbito de um encontro regular, e pressiona Moscovo para se pronunciar sobre as "alegações de deportação", procurando saber quantas crianças foram abrangidas, para onde foram enviadas e quais os motivos.
⇒ Os Serviços Secretos Militares da Ucrânia (GUR) disseram que um ataque informático levado a cabo por "desconhecidos" provocou uma interrupção "maciça" do fornecedor de internet Akado-Telekom, que é utilizado por instituições estatais russas. Entre as estruturas estatais servidas pela empresa, o GUR menciona os serviços de segurança e informações russos FSB e FSO, as administrações governamentais regionais e o banco público Sberbank.
⇒ A embaixada da Ucrânia em Portugal diz que há pelo menos 10 judocas russos com estatuto individual neutro inscritos no Grand Prix de Portugal que são militares das Forças Armadas da Federação Russa. Para a embaixada ucraniana, estes atletas "não têm lugar em eventos desportivos, cujo objetivo é promover a cooperação internacional e aprofundar a compreensão mútua através de competições pacíficas".
Pode rever tudo o que aconteceu no 698.º dia de guerra aqui.