Guerra na Ucrânia

A reação do Kremlin às novas sanções e o anúncio “sensível” de Zelensky: o que marcou o 664.º dia de guerra

O Kremlin desvalorizou o novo pacote de sanções que visa sobretudo os diamantes russos, adotado pela União Europeia e pelo G7. Já Zelensky agradeceu este sinal de apoio e revelou, também, que o exército ucraniano propôs mobilizar até 500 mil pessoas para continuar a lutar contra as tropas russas. Eis um resumo dos principais eventos que marcaram esta terça-feira

Anadolu

Um dia depois de Bruxelas ter aprovado o 12.º pacote de sanções à Rússia, que visam desta vez os diamantes, o Kremlin garantiu esta terça-feira que usará todas as formas disponíveis para contornar as novas medidas restritivas. “Já era de se esperar e estamos preparados”, afirmou o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, na sua conferência de imprensa diária.

“Não acredito que não existam formas de contornar estas sanções e nós vamos usá-las. Faremos tudo para defender e garantir os interesses da Rússia”, sublinhou Peskov, acrescentando que “já se esgotaram os setores a que poderiam ser impostas sanções”. Moscovo fatura cerca de 4,5 mil milhões de euros por ano com a venda destas pedras preciosas.

O novo pacote de sanções anunciado pelo Conselho Europeu nesta segunda-feira — e adotado também pelo grupo dos sete países mais industrializados (G7) — inclui a proibição, a partir de 1 janeiro de 2024, de importação, compra ou transferência direta ou indireta de “diamantes originários da Rússia, diamantes exportados da Rússia, diamantes em trânsito na Rússia e diamantes russos transformados em países terceiros”.

Já o Presidente ucraniano agradeceu à União Europeia pela aprovação do 12.º pacote de sanções. Na mensagem diária à nação, Volodymyr Zelensky disse que “é importante que, pela primeira vez, seja incluída uma proibição aos diamantes russos” que não se destinem a fins industriais. Zelensky lembrou que existem também medidas restritivas “contra a evasão de sanções e contra o fornecimento de bens e tecnologias de dupla utilização”, de natureza civil mas capazes de serem utilizadas na indústria militar.

“As novas restrições às importações da Rússia servirão para reduzir os fundamentos económicos da guerra”, referiu ainda o chefe de Estado ucraniano. As sanções impostas abrangem também produtos químicos, baterias de lítio, termóstatos, motores de corrente contínua e servomotores para drones, máquinas-ferramentas e peças de máquinas. Foi ainda reforçada a proibição já em vigor de importação de petróleo bruto transportado por mar e de determinados produtos petrolíferos da Rússia para a UE e o seu teto máximo.

Outra das principais notícias que marcou o 664.º dia de guerra na Ucrânia foi o anúncio de Zelensky: revelou esta terça-feira que o Exército ucraniano, a debater-se com a necessidade de encontrar voluntários, propôs mobilizar “450.000 a 500.000 pessoas” para continuar a lutar. Em conferência de imprensa de final de ano, o líder ucraniano admitiu, porém, que ainda não tomou uma decisão: precisa de “mais argumentos para apoiar esta ideia” porque trata-se de um “assunto muito sensível” e um “número muito importante”.

Mais notícias que marcaram o dia:

⇒ A defesa aérea da Rússia abateu um drone nos arredores de Moscovo, anunciou o autarca da capital russa, sem especificar se o dispositivo foi lançado a partir da Ucrânia ou do próprio território. “As forças de defesa aérea repeliram um ataque com um drone no distrito de Odintsovo. Não há danos ou feridos no local da queda dos destroços”, disse Sergei Sobyanin na rede social Telegram.

⇒ Os serviços de informação ucranianos reivindicaram vários ataques com drones ocorridos contra instalações militares na Rússia, incluindo vários aeroportos em Moscovo. “A operação dos serviços de informação do Ministério da Defesa contra as instalações militares do Estado agressor está em curso”, disse uma fonte das forças de segurança à agência de notícias ucraniana Unian.

⇒ Vladimir Putin garantiu que o exército russo tem toda a iniciativa na guerra na Ucrânia: “Avaliando a situação no terreno, na frente de batalha, pode-se afirmar com segurança que as nossas tropas têm a iniciativa”. Num discurso aos altos responsáveis do Ministério da Defesa e das Forças Armadas do país, o chefe de Estado russo enfatizou que o exército ucraniano “está a sofrer perdas pesadas e esgotou em grande parte as suas reservas”.

⇒ O Governo italiano aprovou um decreto-lei que prorroga por um ano o fornecimento de armas, veículos e equipamento à Ucrânia. “Mais uma vez, a Itália escolheu estar ao lado da liberdade das nações e do respeito ao direito internacional, com o objetivo de alcançar, em linha com a posição assumida pela NATO e pelos aliados da União Europeia, uma paz justa e duradoura”, afirmou o ministro da Defesa italiano, Guido Crosetto.

⇒ O presidente do Conselho de Supervisão do Banco Central Europeu afirmou que os bancos europeus reduziram em 47% a exposição à Rússia desde o início da guerra. Andrea Enria também convidou as instituições que ainda mantêm presença naquele país a considerarem a possibilidade de abandonar aquele mercado.

Pode recordar aqui o que aconteceu no dia anterior.