Desde a invasão em larga escala da Ucrânia, em fevereiro de 2022, a guerra foi interpretada, na Europa e na América do Norte, como uma luta entre o bem e o mal. Para alguns protagonistas mundiais, contudo, a realidade sempre se apresentou com maior ambiguidade. Um relatório da organização Economist Intelligence Unit, em Londres, avaliou que o apoio líquido à Rússia tinha crescido no ano após a invasão da Ucrânia, com Moscovo a intensificar as relações com países anteriormente neutros ou geopoliticamente desalinhados.
Avaliando a aplicação de sanções pelos países, os padrões de votação da ONU, as tendências políticas internas e as declarações oficiais, juntamente com os laços económicos, políticos, militares e históricos, a Economist Intelligence Unit determinou que houve um aumento no número de Estados “inclinados” para a Rússia, de 25 para 36. Na perspetiva de Sergey Radchenko, historiador de nacionalidade britânica que nasceu na União Soviética, “quanto mais tempo a guerra durar, mais ambivalência veremos”. Em declarações ao Expresso, o investigador de Relações Internacionais explica: “há um cansaço inevitável e uma sensação de que todos precisamos de algum regresso à normalidade”.