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Guerra na Ucrânia

Eleições em Varsóvia podem tirar apoios aos refugiados na Polónia (a solidariedade dura o tempo de um voto?)

A tensão entre os aliados, a redução do apoio popular a Kiev e uma campanha eleitoral em curso podem debilitar a situação dos refugiados ucranianos na Polónia. O Governo de Varsóvia anunciou uma possível retirada de todos os apoios sociais aos refugiados em 2024. A Polónia é, até aqui, o país que mais apoiou financeiramente a resistência de Kiev

Refugiados ucranianos na fronteira com a Polónia
WOJTEK RADWANSKI

Eunice Parreira*

Com a crescente tensão entre a Ucrânia e a Polónia relativa ao embargo provisório dos cereais ucranianos, quase um milhão de refugiados ucranianos na Polónia pode estar em risco de perder benefícios sociais e fiscais. Até agora, os refugiados dispensavam requisitos de residência, tinham acesso gratuito aos serviços de saúde e educação, e tinham direito a reforma, subsídio parental e outros benefícios familiares. Agora, o Governo polaco admitiu ser possível retirar toda a ajuda aos refugiados no próximo ano.

A relação entre os dois países tem vindo a deteriorar-se com a proibição de venda de cereais ucranianos na Polónia e a aproximação das eleições polacas a 15 de outubro. Piotr Müller, porta-voz do governo, afirmou no canal televisivo Polsat que os apoios não serão renovados em 2024 ou, caso sejam, será numa escala inferior. Segundo Anna Schmidt, vice-ministra do Ministério da Família, Trabalho e Política Social, o país já gastou cerca de 2.4 milhões de zlotys, o equivalente a 519 milhões de euros, em apoios parentais destinados às famílias de refugiados ucranianos.