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Guerra na Ucrânia

América Latina, cúmplice fiel de Moscovo: Rússia não está "isolada" do mundo e isso "preocupa" cada vez mais os EUA

Durante a Guerra Fria, Moscovo quis equilibrar o poder dos Estados Unidos através das suas relações com a América Latina. Mais tarde, a Rússia de Putin colocou a região na mira por interesses estratégicos. Durante a guerra na Ucrânia, esses interesses tornaram-se mais evidentes, com os EUA a temerem a erosão das democracias, e, por isso, da segurança, e o apoio para que Moscovo possa contornar as sanções

Vladimir Putin
EVARISTO SA

Embora a propaganda russa tenha sido bloqueada nas televisões e internet no Canadá, nos Estados Unidos e na Europa, na América Latina a narrativa da Rússia continua a entrar em força, e em espanhol, uma das línguas mais faladas do mundo. A projeção da propaganda russa na América Latina é tal que “agora o trabalho de canais russos como o RT em espanhol não é feito apenas a partir da Rússia, Uruguai ou Espanha, havendo também escritórios na Argentina, México e Miami”, conta ao Expresso Adriana Boersner Herrera, natural de Caracas e professora de Ciência Política na universidade militar “The Citadel”, na Carolina do Sul. Mas os primórdios da propaganda russa na América Latina obrigam a recuar para antes de 2022 e da guerra na Ucrânia. “A ideia da propaganda da Rússia na América Latina baseia-se na noção de que a região é uma das principais prioridades de Washington”, advoga a investigadora. “Devido à sua proximidade com os Estados Unidos, a região é importante para a Rússia.”