Quatro unidades de milícias russas alegadamente abusaram de civis e prisioneiros de guerra durante a ocupação da cidade de Izium, em Kharkiv, leste da Ucrânia, em abril do ano passado, avança uma investigação do Centre for Information Resilience (CIR), uma organização britânica dedicada a expor abusos de direitos humanos e crimes de guerra.
Foi descoberta uma vala comum em Izium com 477 corpos, incluindo os restos mortais de 22 soldados ucranianos e várias câmaras de tortura, denuncia a investigação do CIR, citada pelo jornal “The Guardian”. As quatro unidades de milícias em causa pertencem às autoproclamadas Repúblicas Populares de Luhansk e Donetsk e instalaram-se em escolas e jardins-de-infância, como já aconteceu noutras áreas ocupadas pelas tropas russas.
Segundo alguns sobreviventes ucranianos citados na investigação, os soldados russos tinham pouco treino e equipamento militar, estavam frequentemente bêbedos, eram extremamente violentos, “roubavam tudo e obrigavam os proprietários das casas a ajoelhar-se sob a mira de uma arma”. Os combatentes terão morto a tiro pelo menos duas crianças de 12 e 13 anos.
“Muitas das vítimas e sobreviventes de violações dos direitos humanos perpetradas durante a ocupação russa não sabem exatamente que unidades foram responsáveis pelos abusos cometidos contra elas. As vítimas foram muitas vezes mantidas com os olhos vendados, mantidas em cativeiro em caves ou locais semelhantes, ou simplesmente nunca ouviram os seus captores identificarem-se pelo nome, posto ou unidade”, ressalva o relatório do Centre for Information Resilience.
A batalha de Izium, em abril de 2022, durou cerca de um mês. As forças russas conquistaram a cidade mas, cerca de seis meses depois, as tropas ucranianas libertaram o seu território, expondo os escombros da guerra.