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Guerra na Ucrânia

Nina Khrushcheva: “Esta é a Rússia de Estaline, cruel e horrível, que prefere tradição a desenvolvimento”

Nina Krushcheva, neta do homem que chefiou a União Soviética entre 1953 e 1964 e denunciou as ações repressivas de Estaline, é uma das vozes russas críticas da guerra na Ucrânia. Nesta entrevista com o Expresso, a professora de Relações Internacionais garante que Putin tinha “popularidade e conhecimento suficientes para educar a população sobre o que é a democracia”. Em vez disso, quis manter-se no poder e deixou evoluir a sua mentalidade “tirana”. Esta é uma conversa sobre o passado histórico da Rússia, da Crimeia e da Ucrânia e de como as três seguiram caminhos separados. Leia outra parte da entrevista na edição impressa de 20 de janeiro de 2023

José Fernandes

Nikita Khrushchev, que liderou a União Soviética entre 1953 e 1964, é, na verdade, bisavô biológico de Nina Khrushcheva. Quando o filho mais velho de Nikita, Leonid, morreu numa batalha aérea na II Guerra Mundial, na Rússia central, o governante adotou a filha de dois anos do falecido, Julia.

A neta biológica do líder russo tornou-se legalmente sua filha. Consequentemente, Nina Khrushcheva sempre se apresentará como neta de Khrushchev, legado que diz valorizar e que a fez adotar como missão profissional explicar ao mundo a Rússia, tal como é.

Acabada de aterrar em Portugal, para a 3.ª Lisbon Winter School for the Study of Communication da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa, Khrushcheva contou ao Expresso o choque que sentiu a 24 de fevereiro de 2022, quando Putin deu um passo irreversível. Ainda nem compreendemos onde estamos. Pensei que depois de Gorbachev isto não poderia acontecer, que a abertura ao Ocidente era caminho sem volta. Esta é a Rússia de Estaline, cruel e horrível, que prefere tradição a desenvolvimento.