O neonazi Mário Machado anunciou na sua conta do Telegram que vai combater para a Ucrânia contra as tropas russas. Vão consigo “vinte pessoas”, segundo o próprio afirmou ao Expresso. Mas nem todas ficarão entre as tropas internacionais do presidente Volodomyr Zelensky. “Sete ficarão na Ucrânia no grupo militar”, garante. “Ficaremos com camaradas nossos [da extrema-direita], juntamente com espanhóis que já chegaram e sul-americanos (eurodescendentes)”.
Esta denominada “Operação Ucrânia1143”, tem como data de partida 20 de março. “Secção militar: todas as vagas estão preenchidas. Não precisamos de ajuda financeira. Ainda recebemos ofertas de: coletes balísticos, visão noturna, capacetes e estojos de primeiros socorros”, anuncia o militante de extrema-direita no Telegram.
Esta entourage promete ainda entregar “bens e artigos diversos para bebés até dois anos” e transportar no regresso “sete refugiados (senhoras e menores de idade)” com os lugares vagos deixados pelo grupo que ficará a combater.
O próprio Mário Machado não irá ficar mais do que quinze dias na Ucrânia, pois está obrigado a apresentar-se quinzenalmente numa esquadra. “Vou cumprir as apresentações. Não tenho capacidade financeira para ir e vir constantemente.”
Em novembro do ano passado, o ex-líder do movimento Nova Ordem Social foi detido por posse de arma ilegal na sequência de uma investigação da PJ, por suspeita de crime de incitamento ao ódio racial e violência nas redes sociais. Acabou por ser libertado com termo de identidade e residência. “Pedimos ao juiz para alterar essas medidas. Se o juiz aceitar então já posso pensar em ir mais tempo.”
A lista de crimes e condenações
Mário Machado esteve preso por crimes de ódio racial, ofensa à integridade física ou posse de arma ilegal: em 1997, foi condenado a quatro anos e três meses de prisão por envolvimento na morte do cidadão português nascido em Cabo Verde, Alcino Monteiro, morto em 11 de junho de 1995, no Bairro Alto por agressão de um grupo de skinheads do qual fazia parte; em 2007, foi condenado a sete meses de prisão por posse ilegal de arma, e três meses de prisão por posse de arma proibida, com pena suspensa; no ano seguinte foi condenado a quatro anos e dez meses de prisão efetiva por alguns desses crimes; já em 2009, foi condenado em sete anos e dois meses de prisão por crimes de sequestro, roubo e coação
Em 2012, o Tribunal Criminal de Loures fixou em dez anos o cúmulo jurídico das penas de prisão aplicadas a Machado. Já a cumprir pena de prisão em Alcoentre, foi acusado e mais tarde condenado a tentativa de extorsão agravada, a partir da cadeia, tendo em 2016 o tribunal condenando Mário Machado a mais dois anos e nove meses de prisão.