Donald Trump recebeu na Casa Branca, esta quinta-feira, o seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan. Durante a conferência de imprensa, o chefe de Estado norte-americano comentou a amizade com o líder da Turquia, mas de forma curiosa, ao optar por falar sobre "eleições fraudulentas".
"É um prazer estar com o Presidente Erdoğan da Turquia, somos amigos há muito tempo, na verdade, mesmo durante os quatro anos em que estive no exílio injustamente, como se viu, por causa de eleições fraudulentas, como sabem", disse Trump que, na sequência, apontou para Erdogan e completou. "Ele sabe mais do que ninguém sobre eleições fraudulentas, mas quando eu estava no exílio, continuamos amigos".
Erdogan está no poder há 22 anos, inicialmente como primeiro-ministro e atualmente como Presidente. Nesse período, o seu Governo esteve envolvido em diversas polémicas, sendo acusado de ações autocráticas e antidemocráticas. Já em 2025, a prisão de Ekrem Imamoglu, autarca de Istambul e principal oponente político do Presidente, desencadeou protestos no país contra o executivo.
Trump sobe aposta em luta orçamental com democratas
No plano interno, Donald Trump também desafiou a oposição democrata, ao subir o tom na luta orçamental e ameaçar despedir em massa funcionários públicos se o Congresso não votar uma lei de finanças dentro de cinco dias.
"Tudo isto é culpa dos democratas. Eles pediram-nos para fazer coisas que não são razoáveis", afirmou o Presidente dos Estados Unidos.
O chefe de Estado americano acusou a oposição de querer financiar cuidados médicos para imigrantes em situação irregular com dinheiro federal.
Os riscos deste combate político e financeiro são altos para os dois lados. Marcadas para daqui a pouco mais de um ano, as eleições intercalares no país vão decidir qual a maioria no Congresso, atualmente republicana.
O prazo para aprovar o orçamento é 30 de setembro, mesmo que de modo temporário, para evitar um "shutdown", uma paralisia do Estado federal.
O republicano Russell Vought, diretor do gabinete do orçamento (OMB) na Casa Branca, pediu às agências federais que elaborassem planos de redução de funcionários efetivos que trabalham em programas que não têm financiamento atual, nem fonte de financiamento externa, e que não estão "de acordo com as prioridades do presidente" Trump, segundo uma carta à qual aagência de notícias francesa AFP teve acesso.
Donald Trump recusa qualquer encontro com os líderes da minoria democrata no Congresso, enquanto não se alinharem com os seus argumentos. O memorando do OMB indica que qualquer redução feita após o prazo de financiamento seria permanente.
O líder dos democratas na Câmara dos Representantes, Hakeem Jeffries, qualificou Russell Vought de "politicardo malfeitor". "Não nos deixaremos intimidar", escreveu no X, concluindo: "Vai-te lixar" dirigindo-se ao diretor do Orçamento.
Em caso de "shutdown", uma grande parte dos serviços federais seria suspensa, com centenas de milhares de funcionários em lay-off, um tráfego aéreo desorganizado, mas também fortes perturbações nos pagamentos de várias ajudas sociais.
Os republicanos têm uma curta maioria nas duas câmaras do Congresso, Câmara dos Representantes e Senado, mas devido ao regulamento parlamentar, o partido republicano terá de negociar com os democratas para obter os votos de pelo menos sete senadores.
Os democratas exigem, entre outras coisas, que os republicanos restabeleçam centenas de milhares de milhões de dólares em despesas de saúde.
Os conservadores, por sua vez, sustentam que o seu plano de despesas para sete semanas, financiando o governo até ao final de novembro, é o único em discussão.
Se o Congresso aprovar um projeto de lei orçamental antes do prazo, "as etapas adicionais descritas neste e-mail não serão necessárias", indica o memorando do OMB.
Os democratas, que até agora não conseguiram articular uma resposta realmente impactante contra as decisões drásticas de Donald Trump estão a ser maltratadas nas sondagens. E veem neste braço de ferro uma oportunidade de apresentar o presidente bilionário como um amigo dos ricos, decidido a cortar nas prestações sociais.
Os republicanos apostam numa mensagem de segurança e soberania, prometendo reduções de impostos, num momento em que o mercado de trabalho se degrada.
Os americanos expressam nas sondagens de opinião um ceticismo acentuado, e até mesmo uma hostilidade aberta à política protecionista de Donald Trump.