Um grupo de acionistas da Disney exigiu à empresa explicações sobre a suspensão do programa Jimmy Kimmel Live!, que ficou fora do ar durante uma semana. Segundo o website "Semafor", advogados que representam entidades como a Federação Americana de Professores e os Repórteres Sem Fronteiras solicitaram documentos sobre a punição ao apresentador, imposta após os comentários de Kimmel sobre o homicídio de Charlie Kirk.
O grupo criticou a decisão da direção da multinacional e deseja apurar se os responsáveis não cumpriram os seus "deveres fiduciários", ou seja, não colocaram os interesses da empresa em primeiro lugar. Após a suspensão, a Disney sofreu criticas nas redes sociais e perdeu mais de 4 mil milhões de dólares(3,42 mil milhões de euros) do seu valor de mercado.
A empresa, que é dona da ABC, foi acusada de atentar contra a liberdade de expressão, e diferentes artistas ameaçaram não trabalhar mais com a entidade. Segundo o "Financial Times", mais de 400 estrelas de Hollywood, incluindo nomes como Meryl Streep e Jennifer Aniston, assinaram uma carta aberta condenando a punição ao apresentador.
A rejeição da comunidade artística, noticia o mesmo jornal, citando uma fonte da Disney, foi um dos fatores que contribuiu para o talk show ser retomado. Outra fonte mencionada explicou que o fim da suspensão sempre foi uma intenção da diretoria da empresa.
Agora, o grupo de acionistas deseja ter acesso aos documentos que estimem os danos causados à empresa pela decisão de retirar o programa do ar durante uma semana, assim como diretrizes sobre como os executivos devem tomar decisões relacionadas com "programação politicamente sensível". Além disso, foram solicitadas cópias dos acordos com as emissoras Nexstar e Sinclair, que optaram por não retomar a transmissão do Jimmy Kimmel Live! mesmo após o fim da suspensão.
"Embora estejamos satisfeitos pelo facto de a ABC ter feito a coisa certa e colocado Jimmy Kimmel no ar novamente, ontem à noite; devido às contínuas ameaças da administração Trump à liberdade de expressão, inclusive em relação à ABC, estamos a escrever para solicitar transparência na decisão inicial de suspender o apresentador e o seu programa", refere um comunicado citado pelo "Semafor".
A suspensão do Jimmy Kimmel Live! ocorreu após comentários do apresentador sobre a morte de Charlie Kirk. "O gang MAGA está desesperadamente a tentar caracterizar este miúdo [Tyler Robinson, suspeito] que assassinou Charlie Kirk como nada como um deles e a fazer tudo para colher pontos políticos a partir disso", disse Kimmel.
A declaração gerou repercussões negativas entre os apoiadores de Donald Trump, e a Comissão Federal de Comunicação (FCC, na sigla em inglês) ameaçou retirar a licença da ABC, canal televisivo que pertence à Disney. Após o retorno do programa, o Presidente dos Estados Unidos criticou a decisão e ameaçou processar a empresa. "Acho que vamos testar a ABC nisso. Vamos ver como nos saímos. Da última vez que fui atrás deles, eles deram-me 16 milhões de dólares. Este caso parece ainda mais lucrativo", escreveu nas redes sociais.
Texto escrito por João Sundfeld e editado por Mafalda Ganhão