Enquanto Donald Trump discursava na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, surgia inesperadamente no National Mall, em Washington DC, uma escultura de 3,6 metros que mostra o presidente dos EUA e Jeffrey Epstein - que morreu em 2019, na prisão, enquanto aguardava julgamento por tráfico sexual de menores. Os dois surgem de mãos dadas, sorrindo e equilibrados numa perna, como que numa dança satírica, descreveu o “The Guardian”.
A instalação, autorizada pelo Serviço Nacional de Parques e prevista para permanecer até domingo, é da autoria do coletivo The Secret Handshake Project. Em comunicado enviado ao "USA Today", o grupo afirma ser composto por “um pequeno número de cidadãos que usa arte, ironia e humor para estimular conversas políticas em espaços públicos”. Esta é a terceira intervenção do coletivo desde junho, depois de “Dictator Approved” — uma mão dourada a esmagar a coroa da Estátua da Liberdade — e da instalação multimédia “Gold TV Statue”, que mostrava Trump a dançar com Epstein.
A nova escultura inclui três placas com inscrições provocatórias. Numa delas lê-se: “Celebramos o vínculo duradouro entre o presidente Donald J. Trump e o seu ‘amigo mais próximo’ Jeffrey Epstein”. Noutra, estão reproduzidos excertos de uma alegada carta de aniversário escrita por Trump, em 2003, divulgada pela Comissão de Supervisão da Câmara dos Representantes a 8 de setembro. A carta inclui desenhos sugestivos e uma assinatura colocada num local anatómico controverso. Trump nega a autoria e avançou com um processo judicial contra o jornal.
A instalação colocada no coração político dos EUA, em Washington, intitulada “Mês da Amizade”, assume um tom sarcástico e reacende o escrutínio sobre a relação entre Trump e Epstein. Mas a polémica não se limita ao território norte-americano. Durante a visita de Estado de Trump ao Reino Unido, imagens suas com Epstein foram projetadas no Castelo de Windsor, levando à detenção de quatro pessoas. A Casa Branca reagiu com firmeza à instalação em Washington, classificando-a como “mais uma extravagância liberal” e reiterando que “não é novidade que Epstein conhecia Donald Trump”.
Esta escultura reafirma o papel da criação artística como forma de resistência e volta a confrontar Trump com uma das manchas mais persistentes da sua biografia, a relação com Epstein.