Televisão

Suspensão de Kimmel terminou na ABC, mas emissoras locais mantêm o boicote

O programa do humorista regressa esta terça-feira, no entanto a programação não será exibida em todo o país

Jimmy Kimmel

A ABC retoma esta terça-feira o programa do humorista Jimmy Kimmel, criticado pelos seus comentários sobre o homicídio do ativista de extrema-direita Charlie Kirk. No entanto, a programação não será exibida em todo o país, uma vez que as emissoras Nexstar e Sinclair, duas das principais do país, optaram por manter o boicote ao apresentador.

"Na semana passada, tomámos a decisão de suspender o Jimmy Kimmel Live! após o que a ABC classificou como comentários 'inadequados e insensíveis' de Kimmel num momento crítico do nosso discurso nacional", disse a Nexstar em comunicado citado pelo "El País"."Mantemos essa decisão na expectativa de que todas as partes se comprometam a promover um ambiente de diálogo respeitoso e construtivo nos mercados em que operamos".

A Sinclair, por sua vez, anunciou que substituirá o programa de Kimmel por conteúdos noticiosos. "As conversas com a ABC continuam enquanto avaliamos o possível retorno do programa".

A empresa possui 66 emissoras locais, das quais 38 costumam transmitir o Jimmy Kimmel Live!. A Nexstar, por sua vez, tem 200 emissoras, sendo que 28 são afiliadas à ABC. No total, cerca de 25% da audiência recorrente do programa não terá acesso ao conteúdo, segundo cálculos do "Los Angeles Times".

Além disso, a Nexstar está a ser vendida a outra empresa, Tegna. Para isso, é necessário o aval da Comissão Federal de Comunicações (FCC, na sigla em inglês), órgão do Governo de Donald Trump que ameaçou retirar a licença da ABC devido aos comentários de Kimmel sobre a morte de Charlie Kirk.

Na semana passada, o apresentador comentou as ações de Donald Trumpe dos seus apoiantes após a morte de Kirk, que afirmaram de imediato e sem provas que o suspeito pelo homicídio seria um radical de esquerda."A pandilha MAGA (Make America Great Again, o lema de Trump) tentou desesperadamente rotular este tipo [Tyler Robinson] que assassinou Charlie Kirk como tudo menos um deles e fez tudo o que podia para retirar dividendos políticos".

O Presidente Donald Trump, um dos alvos frequentes de Kimmel, publicou nas redes sociais que a suspensão de Kimmel era "uma grande notícia para os Estados Unidos". Pediu ainda a demissão de outros apresentadores de programas noturnos.

A suspensão de Kimmel ocorreu numa altura em que Trump e a sua administração têm vindo desenvolver ameaças, processos judiciais e pressões através do governo federal para tentar exercer um maior controlo sobre a indústria dos media. Trump chegou a acordos com a ABC e a CBS sobre a cobertura mediática.

Trump também interpôs ações por difamação contra o The Wall Street Journal e o The New York Times. Os republicanos no Congresso cortaram o financiamento federal da NPR e da PBS.

Brendan Carr, líder da Comissão Federal de Comunicações, emitiu um alerta antes da suspensão de Kimmel, criticando os comentários de Kimmel sobre o assassinato de Kirk.

A suspensão também ocorreu numa altura em que o cenário noturno está a mudar. A CBS anunciou o cancelamento da série de Stephen Colbert durante o verão.

O contrato de Kimmel com a emissora detida pela Walt Disney Co. expira em maio de 2026.