Exclusivo

EUA

As ambições de Trump no Canal do Panamá: “Os Estados Unidos viraram de pernas para o ar a mesa do comércio global e da ordem geopolítica”

Donald Trump iniciou o seu segundo mandato aumentando a pressão sobre o Panamá e ameaçando “recapturar” o Canal que liga os oceanos Atlântico e Pacífic. Em causa está a acusação ao Governo panamiano, de ter cedido o controlo da importante via navegável à rival China. O que ganharia Trump se pudesse alegar que Washington voltaram a controlar o canal?

Canal do Panamá
SOPA Images

São 80 quilómetros que unem os oceanos Atlântico e Pacífico por onde se atravessam mais de 140 rotas marítimas e aos quais se ligam 1700 portos, 160 países, no total. Desde os primeiros instantes do atual mandato presidencial, Donald Trump colocou os seus olhos no Canal do Panamá, uma artéria fundamental do comércio global.

Na sexta-feira, a China qualificou como “coerção” dos Estados Unidos contra a América Latina, depois de o Presidente panamiano, José Raúl Mulino, ter dito que o seu país tinha apresentado a notificação formal de que não iria renovar o seu acordo da Iniciativa Faixa e Rota (BRI) com Pequim, um memorando que data de 2017.

Para a China, o aumento do escrutínio e da interferência dos EUA nas relações bilaterais é “um incómodo”, uma vez que a Iniciativa Faixa e Rota (BRI) é um “instrumento importante na política externa da China”, que o Partido Comunista Chinês preferiria que se mantivesse em vigor, diz ao Expresso Tabita Rosendal, investigadora no Centro de Estudos do Leste e Sudeste Asiático, da Universidade de Lund.