Milhares de manifestantes saíram às ruas do Brasil neste domingo em protesto contra uma eventual amnistia para o ex-Presidente Jair Bolsonaro e outros envolvidos na tentativa de golpe de Estado em janeiro de 2023, bem como contra a chamada PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Blindagem, que pode impedir deputados, senadores e presidentes de partidos políticos de serem processados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) - o mesmo que condenou Bolsonaro a mais de 27 anos de prisão, e que poderia assim evitar a pena.
O número de participantes em São Paulo foi similar ao da última manifestação realizada pelos apoiantes de Bolsonaro, no dia 7 de setembro, reunindo mais de 42 mil pessoas, segundo o Monitor do Debate Político do CEBRAP - Centro Brasileiro de Análise e Planejamento - e a ONG More in Common, citadas pelo Globo.
Já no Rio de Janeiro o protesto foi marcado por diversos concertos perto da praia de Copacabana. Chico Buarque, Gilberto Gil e Djavan se juntaram a Caetano Veloso e cantaram para uma multidão estimada em quase 42 mil pessoas.
Em São Paulo, o protesto começou a crescer a partir das 13h locais, quando os sindicatos, Partido dos Trabalhadores, Partido Comunista e Partido Socialista, assim como movimentos sociais, estenderam faixas, levantaram bandeiras e distribuíram materiais como autocolantes de "sem amnistia" e leques de papel contra a "PEC da Bandidagem" - uma paródia ao termo PEC da Blindagem. Em termos visuais, a manifestação preencheu pelo menos três quarteirões da avenida Paulista (uma das vias mais importantes da cidade e um centro financeiro e político).
As ações ocorreram depois da Câmara dos Deputados decidir acelerar a proposta de amnistia e ter aprovado, na última quarta-feira, a PEC da Blindagem, igualmente chamada de PEC das Prerrogativas, que aguarda voto do Senado - um dos pontos mais polémicos é o facto de prever voto secreto para aprovação de um processo judicial contra os deputados. Já a proposta de amnistia está num impasse, por falta de acordo entre vários partidos sobre o âmbito do eventual perdão.
Em entrevista exclusiva à BBC Brasll na quarta-feira, o presidente Lula da Silva afirmou que vetará a proposta de amnistia. Os projetos de lei têm de ser sancionados ou vetados pelo Presidente, mas o Congresso também pode derrubar um eventual veto.