Pelo menos 137 pessoas morreram na sequência das inundações sentidas há uma semana no sul do Brasil e o número de pessoas afetadas atingiu quase dois milhões, segundo o último boletim da Defesa Civil. O anterior balanço dava conta de 127 mortos.
De acordo com a organização, a maior tragédia climática da história da região sul do Brasil também deixou 141 pessoas desaparecidas e 400 mil deslocadas, das quais cerca de 340 mil tiveram de se refugiar em casas de amigos e familiares e cerca de 71 mil em abrigos improvisados pelas autoridades.
No total, já são 444 cidades e 1,95 milhões de pessoas afetadas pelas cheias na região, o que corresponde a 17,3% dos 11,3 milhões de habitantes de um dos estados mais ricos do país.
A situação mais dramática é a do Rio Grande do Sul, estado que faz fronteira com a Argentina e o Uruguai, onde foram registadas pelo menos 126 mortes e 756 feridos. A outra vítima mortal foi registada no estado vizinho de Santa Catarina, também afetado pela catástrofe, mas em menor proporção.
As fortes chuvas que deram uma ligeira trégua desde quinta-feira passada retomaram hoje a intensidade, principalmente no Vale do Taquarí, uma das regiões mais afetadas na última semana, e em Porto Alegre, capital do estado de Rio Grande do Sul.
As tempestades que atingem a região desde o final de abril deixaram um rastro de caos e destruição em dezenas de cidades, que ficaram total ou parcialmente submersas, como é o caso de Porto Alegre.
Centenas de estradas foram destruídas ou bloqueadas e as vítimas sofrem com a falta de serviços públicos, pois os hospitais estão sobrecarregados e sem condições adequadas para atender os pacientes.
A situação também dificultou o trabalho dos quase 28 mil operacionais no terreno — incluindo bombeiros, forças de segurança e voluntários — que ajudam nos resgates e distribuem ajuda humanitária.
Nas últimas horas, novas cidades foram tomadas pelas águas após o transbordo da Lagoa dos Patos, onde as águas já atingiram um metro e meio acima do nível normal.
As autoridades preveem que a situação poderá agravar-se nas próximas horas, já que, além da chuva intensa, são esperados ventos fortes e uma descida drástica da temperatura.
O Rio Grande do Sul, importante polo agrícola e uma região fundamental para o crescimento do país, necessitará de pelo menos 18.839 milhões de reais (3.700 milhões de dólares ou 3.400 milhões de euros) para recuperar dos estragos causados pelas cheias, segundo cálculos do Governo regional.
O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, já anunciou um pacote de 50 milhões de reais (cerca de 9.800 milhões de dólares) para ajuda a este estado, que inclui medidas assistenciais diretas, créditos subvencionados para empresas e ajudas para produtores rurais, entre outras.
Cidades como Canoas e Eldorado ainda estão debaixo de água, e outras como Muçum, da qual só restaram escombros, começam a planear sua reconstrução em áreas mais altas e longe das margens dos rios.
Embora a prioridade seja o resgate, as autoridades tiveram que anunciar na sexta-feira um reforço na segurança, já que houve casos de saques em algumas localidades e até agressões sexuais em alguns abrigos para vítimas do desastre.
Uma das principais preocupações é o impacto económico da tragédia, uma vez que o Rio Grande do Sul é um importante centro agrícola do país e o maior produtor de arroz do Brasil.
A situação, já grave, pode piorar nos próximos dias, quando são esperadas novas tempestades com chuvas, frio e fortes rajadas de vento.
O Governo brasileiro prevê que as chuvas devem chegar a 115 milímetros entre sábado e domingo, o que voltará a pressionar o nível dos rios que já transbordam, segundo o ministro da Secretaria de Comunicação Social do Brasil, Paulo Pimenta.
O Governo de Lula da Silva anunciou na quinta-feira um pacote de ajuda financeira de 50 mil milhões de reais (9,8 mil 9,09 mil milhões de euros) para o Rio Grande do Sul.
Notícia atualizada às 16h31, com mais informação e novo balanço das vítimas.