Entraram hoje em vigor as tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos a centenas de produtos brasileiros, numa medida que agrava a crise diplomática entre os dois países.
A decisão da administração de Donald Trump surge num contexto de forte tensão política e foi interpretada por Brasília como uma tentativa de pressionar o Governo de Lula da Silva a conceder amnistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente em prisão domiciliária e acusado de tentativa de golpe de Estado.
Entre os produtos visados estão o café e as carnes, dois dos principais bens exportados pelo Brasil para os EUA, que ficaram de fora da lista inicial de exceções. A ministra brasileira do Planeamento, Simone Tebet, manifestou esperança de que Washington reveja a decisão, alertando para o impacto da medida nos preços ao consumidor norte-americano, dada a escassez global de oferta, especialmente no setor do café.
Em 2024, as exportações brasileiras de café e carne para os EUA totalizaram mais de 3,6 mil milhões de dólares, representando cerca de 9% do total exportado para o mercado norte-americano.
De acordo com estimativas do Governo brasileiro, como a lista inicial de exceções ao novo imposto inclui vários dos principais produtos exportados pelo Brasil para os EUA, como petróleo e combustíveis, aviões, minérios e sumo de laranja, a taxa punitiva deverá atingir apenas 36% das vendas.
Isso porque, segundo Brasília, as exceções já anunciadas abrangem 44% das exportações brasileiras para os Estados Unidos e os restantes 20% dizem respeito a aço, alumínio, automóveis e autopeças, que têm um regime especial.