“Nada disto poderia ter acontecido sem a intensidade da ideologia do neoliberalismo e a forma como a ideologia engoliu tanto as pessoas que pensavam em si próprias como conservadores económicos como as pessoas que se consideravam progressistas.” Quando toca na ferida, Shoshana Zuboff, professora emérita da Harvard Business School, põe tudo em causa. Afinal, de que lado está o poder, senão nos absolutistas da Meta, do X e da Amazon? Nesta entrevista ao Expresso, a filósofa americana adverte que as democracias em todo o mundo, ao enfrentarem a mudança para uma nova civilização de informação, saltaram o passo mais importante: “Fomos empurrados para este novo ambiente onde a nossa praça pública já não é uma praça pública, é uma praça privada […] E a criação de riqueza prossegue através do mecanismo do capitalismo de vigilância.”
Na perspetiva da autora do livro “A Era do Capitalismo de Vigilância: A disputa por um futuro humano na nova fronteira do poder”, e do mais antigo “Na Era da Máquina Inteligente: o futuro do trabalho e do poder”, os instrumentos de vigilância estão a criar “não só uma enorme concentração de poder económico, mas também a concentração de novos tipos de poder social e governamental”.