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Acordo militar entre São Tomé e Moscovo é um aviso a Portugal “para que corrija o seu rumo”

A influência russa em África não é de hoje, mas tem vindo a intensificar-se, e Moçambique e Guiné-Bissau (dois países da CPLP) podem ser os novos focos da atenção do Kremlin, alertam os analistas, que falam em recado diretamente dirigido a Portugal

“Há uma sensação de que São Tomé foi dececionado pelos seus parceiros ocidentais e chineses; em primeiro lugar, Portugal"
BARBARA DEBOUT

A assinatura do acordo militar com a Rússia é “claramente uma forma de São Tomé expressar o seu descontentamento em relação a Portugal”, aponta Mathieu Gotteland, analista da IPSA (International Political Science Association) e do instituto Open Diplomacy, onde trabalha em matérias africanas e estratégias de influência, em declarações ao Expresso. “O lugar e o papel de África estão a evoluir, e são, em grande parte, impulsionados pelo desejo de crescimento económico e investimento.”O alerta parte também de Edem Selormey, investigadora do Centro de Gana para o Desenvolvimento Democrático e analista do Afrobarometer (uma rede de investigação que mede a perceção pública sobre questões económicas, políticas e sociais em África). A 24 de abril, a Rússia e São Tomé concordaram em aprofundar a cooperação na área da defesa, através da intensificação do treino militar conjunto, do recrutamento de forças armadas, bem como a utilização de armas e equipamento militar, havendo mais quem alerte. No documento, também está prevista a presença de aviões e navios de guerra russos na antiga colónia portuguesa.