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Os portugueses de Putin: quem são os poderosos que o rabi do Porto comprovou e o Instituto dos Registos e do Notariado naturalizou?

Andrei Bilai ocupou vários cargos no Ministério do Interior. Em 2011 tornou-se responsável pelo recrutamento policial em São Petersburgo, o que o convertia na terceira pessoa mais importante dentro da polícia da segunda maior cidade da Rússia

MIKHAIL METZEL/SPUTNIK/AFP/Getty Images

“Um homem de ação e não apenas um falador.” Era assim que Alexander Boroda se referia a Vladimir Putin em 2018. Considerado o segundo judeu mais influente da Rússia — logo após o rabino-chefe da Rússia, Berel Lazar —, enquanto presidente da Federação de Comunidades Judaicas Russas (FCJR) e diretor do Museu Judaico e Centro da Tolerância de Moscovo, Boroda admitia compreender as posições políticas da Rússia. Em 2022, um mês após a invasão da Ucrânia, o rabino confessava à agência de notícias Interfax a sua “perplexidade perante o facto de o neonazismo se estar a afirmar tão ativamente” naquele país. Mas estas declarações não teriam qualquer interesse para Portugal se Alexander Boroda não constasse do processo pelo qual Roman Abramovich conseguiu o passaporte nacional.

Boroda, de 55 anos, deu um grande contributo para Abramovich adquirir a nacionalidade portuguesa. Assinou uma declaração a atestar a origem sefardita do magnata, para que este obtivesse, em agosto de 2020, um certificado da Comunidade Israelita do Porto (CIP). O documento era obrigatório para quem se candidatasse ao passaporte nacional pela via sefardita. No processo de certificação, entretanto envolto em polémica, o rabino russo assegurava a “conexão sentimental com Portugal” de Abramovich, descrevendo-o como um autêntico “judeu sefardita português”, até pelo seu estilo de vida, tradições e, inclusive, hábitos alimentares.