Internacional

Japão: água do mar em redor de Fukushima tem radioactividade abaixo do limite

As preocupações da China persistem, mas não foram suficientes para travar a descarga de água da central nuclear de Fukushima. O Japão iniciou as descargas no Pacífico na quinta-feira e indica que os níveis de radioatividade nos testes realizados à água do mar "não têm impacto adverso na saúde humana e no ambiente”

EPA/JIJI PRESS

O Japão indicou este domingo que a radioatividade detectada em testes à água do mar em redor da central nuclear de Fukushima estão abaixo dos limites, dias depois do país começar descargas de água radioativa tratada. O ministro do Ambiente, Akihiro Nishimura, disse em comunicado que todas as semanas serão publicados os resultados da monitorização da água do mar.

“As concentrações de trítio são inferiores ao limite inferior de detecção nos 11 pontos de amostragem e não têm impacto adverso na saúde humana e no ambiente”, indicou Nishimura.

A água usada para arrefecer os reatores na central passa por um sistema de filtração que retira a maioria da radioatividade antes de ser armazenada. Permanece o trítio, uma forma radioativa de hidrogénio, que a AIEA indica existir em baixa concentração na água da central. Perante limitações de espaço ao armazenamento da água, o Japão decidiu avançar com a descarga de mais de um milhão de toneladas de água – previamente diluída – no Pacífico ao longo de várias décadas.

O plano foi autorizado pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) e o diretor-geral disse que teria “um impacto insignificante no ambiente”, fosse na água ou no peixe. No dia em que as descargas começara, a AIEA emitiu um comunicado a dizer que estava a monitorizar o procedimento e que tinha avaliado amostras da água diluída, tendo confirmado que a concentração de trítio se encontrava abaixo dos limites.

“Há especialistas da AIEA no local para servir como o olhar da comunidade internacional e assegurar que a descarga é feita de acordo com o planeado e com os padrões de segurança”, disse o diretor-geral da organização, Rafael Mariano Grossi.

Caranguejo a ser vendido num mercado em Seoul, sinalizado como tendo sido apanhado na Coreia do Sul, depois do Japão começar a despejar água tratada da central nuclear de Fukushima.
EPA/YONHAP

No entanto, a confiança da AIEA na segurança da descarga de água não é partilhada por toda a comunidade internacional. A China – que chegou mesmo a declarar que “o Oceano Pacífico não é o esgoto do Japão” – suspendeu na quinta-feira a importação de produtos aquáticos de origem japonesa para “prevenir o risco de contaminação radioativa”. Uma medida que abrange peixe, marisco, moluscos, crustáceos e algas, explicou a Lusa. Isto levou a um pico na procura de sal marinho, que esgotou em muitas plataformas eletrónicas chinesas e a um aumento da procura de detetores de radiação.

A Lusa deu também conta de protestos que se registaram em Seoul contra a descarga de água de Fukushima no mar, apesar do governo da Coreia do Sul ter apoiado publicamente a decisão. O primeiro-ministro sul-coreano deixou, no entanto, um apelo ao governo japonês para publicar informação “de forma transparente e responsável durante os próximos 30 anos”. E em julho o país anunciou que iria manter a proibição de importação de produtos alimentares da zona em redor de Fukushima.