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"Muitas pessoas têm ideias preconcebidas acerca das mulheres árabes: que estamos atrasadas, não temos acesso a educação, nem liberdade"

Bodour Al Qasimi é uma mulher árabe, dos Emirados Árabes Unidos, que, um dia, fundou uma editora de livros por causa da filha mais velha. Os livros a que a filha tinha acesso eram “aborrecidos” e não transmitiam a verdade da sua cultura. Nesta história, se houver moral a reter, a empresária escolhe uma frase, sem hesitar: “Todos nós queremos sentir-nos representados"

IvanaMaglione

Numa das mais recentes viagens que fez, à Argentina, Bodour Al Qasimi apaixonou-se pela literatura de Jorge Luis Borges. É, a par com os livros de Gabriel García Márquez, uma das suas fontes de inspiração. Mas Bodour Al Qasimi quer mais: que os livros sejam mundos imaginados, com a representatividade da realidade. Que os livros constituam, em suma, um espelho da Humanidade.

Na sétima edição das Conferências do Estoril, a fundadora da editora infantil Kalimat Group, da Emirates Publishers Association, do Conselho de Livros para Jovens dos Emirados Árabes Unidos e presidente da International Publishers Association (a segunda mulher em 126 anos) referiu-se ao exemplo do aclamado poeta norte-americano apresentado como Yi-Fen Chou, cuja inclusão na American Poetry Anthology (de 2015) causou alvoroço quando se descobriu que se tratava, de facto, de um poeta caucasiano chamado Michael Hudson. A submissão tinha sido repetidamente rejeitada até o autor ter adotado um nome diferente. O sucesso do poeta demonstrou que as revistas literárias aplicam diferentes critérios de qualidade tendo por base a etnia e o género.