Não foi por falta de aviso. A ministra do Interior do Reino Unido, Priti Patel, assinou a 14 de abril um acordo com o Ruanda para que os requerentes de asilo que chegam às praias do sul de Inglaterra pelo Canal da Mancha passassem a ser enviados para aquele país africano, onde os seus pedidos de proteção internacional seriam então analisados, de acordo com a lei local.
Mas muito antes de este documento ser vinculativo, quando a deportação era apenas uma das várias hipóteses “dissuasoras” em cima da mesa para tentar controlar a entrada de migrantes, já dezenas de advogados e organizações não-governamentais tinham avisado o Executivo de Boris Johnson de que iriam recorrer à justiça para evitar a deslocação de pessoas para um país que fica a 6500 quilómetros daquele onde estas mesmas pessoas chegaram - e onde tinham intenção de pedir asilo em primeiro lugar.
Segundo números da ONU, no ano que terminou em setembro de 2021, a Alemanha recebeu o maior número de requerentes de asilo (127.730) na UE, seguida pela França (96.510). Quando comparado com a UE, o Reino Unido recebeu o 4.º maior número de requerentes (44.190), o que equivale a 8% do total de pedidos de proteção de UE, isto apesar de já não fazer parte do bloco. O Reino Unido ocupa a 18.ª posição no número de refugiados per capita. Mais de 10.700 pessoas chegaram ao Reino Unido em pequenos barcos este ano, de acordo com dados compilados e analisados pela Sky News.