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Reviravolta espanhola em relação ao Sara Ocidental: erro de cálculo ou alta cartada geopolítica?

Madrid mudou de forma radical a abordagem à sua antiga colónia do Sara Ocidental: apoia o plano de Marrocos para a autonomia do território, sob a soberania de Rabat. A República Árabe Sarauí Democrática, que reivindica a independência, fala de “nova traição”

Manifestação de sarauís em Madrid, em novembro de 2021, para reivindicar o direito à autodeterminação
Fer Capdepon Arroyo/Pacific Press/LightRocket/Getty Images

É provável que se tenham cruzado na sala diplomática do aeroporto de Barajas. Enquanto Karima Benyaich, amiga de infância do rei Mohamed VI de Marrocos, regressava a Madrid dez meses depois de ter sido afastada do seu posto de embaixadora de Marrocos em Espanha, o seu colega argelino Said Moussi apanhava o primeiro avião com destino a Argel, chamado de urgência pelo seu Governo. As causas destes movimentos são as mesmas: mudança radical da posição do Executivo espanhol sobre o conflito do Sara Ocidental.

Madrid deixou de apoiar um referendo de autodeterminação para a eventual independência do território africano, que foi colónia e província espanhola até 1975. Agora alinha com as teses do monarca alauíta, que oferece autonomia limitada aos sarauís, sob soberania marroquina. Rabat exprimiu satisfação com a nova posição espanhola, devolvendo a sua representante em Espanha numa questão de horas; a Argélia confirma o agastamento e queixa-se de não ter sido avisada da mudança, e retira da capital espanhola o seu embaixador.