O almirante russo Vyacheslav Popov desafiou a versão oficia do naufrágio do submarino Kursk, que no ano 2000 custou a vida aos seus 118 tripulantes. Segundo o militar, a causa do acidente foi uma colisão com um submarino da NATO e não um um torpedo defeituoso.
Popov era comandante da Frota do Norte da Rússia quando o Kursk explodiu e se afundou durante manobras navais no mar de Barents, a 12 de agosto de 2000. Em entrevista à agÊncia de notícias estatal russa RIA Novosti, assegurou que um submarino da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla inglesa) colidiu com o Kurst de forma acidental, quando o seguia a curta distância.
Segundo o almirante, o aparelho da NATO também ficou danificado, devido à explosão, e enviou sinal de socorro. Popov admite que não é capaz de identificar a embarcação da NATO e que não tem provas sustentadas do que afirma.
Kremlin em silêncio
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, recusou-se a comentar a alegação de Popov e apontou para a investigação oficial, que concluiu que a catástrofe foi desencadeada por uma mistura de combustíveis explosiva, proveniente de um torpedo com defeito.
Popov, considerado culpado pela resposta lenta e desadequada à tragédia quando era comandante da Frota do Norte, já apontara uma colisão como principal fator, mas esta última declaração foi mais direta e detalhada. Segundo a imprensa russa, dois submarinos dos Estados Unidos e outro britânico foram vistos na área perto do exercício naval russo no mar de Barents, na altura do desastre do Kursk.
A perda do Kursk continua a ser o pior desastre de sempre da Marinha russa, apesar de outros acidentes graves, como o que matou 20 marinheiros asfixiados a bordo do submarino Nerpa, no mar do Japão. Outros acidentes fatais aconteceram nos anos 60 e 70, envolvendo submarinos, sobretudo soviéticos, mas também americanos. Um deles levou ao desaparecimento do USS Thresher, com 129 pessoas a bordo, o maior desastre deste tipo de embarcações até hoje.