Internacional

Afeganistão. ACNUR antecipa meio milhão de novos refugiados afegãos

A ONU está a preparar-se para o “pior cenário possível”, embora ainda não se tenha visto qualquer êxodo, segundo a alta-comissária adjunta para os refugiados

JAVIER BARBANCHO/ Getty Images

A ONU está a preparar-se para ajudar meio milhão de novos refugiados afegãos este ano, no "pior cenário possível", embora ainda não se tenha visto qualquer êxodo, disse esta sexta-feira a alta-comissária adjunta para os refugiados.

"Em termos de números, estamos a preparar-nos para cerca de 500.000 novos refugiados na região. Este é o pior cenário possível", disse Kelly Clements em Genebra, citada pela agência France-Presse.

A alta-comissária adjunta da agência das Nações Unidas para os refugiados (ACNUR) disse que até agora, não se tem visto qualquer êxodo, mas lembrou que a situação no Afeganistão evoluiu muito rapidamente.

"Embora não tenhamos visto, nesta fase, qualquer saída significativa de afegãos, a situação no Afeganistão evoluiu mais rapidamente do que alguém previu. Devemos, portanto, estar preparados para todas as eventualidades", afirmou.

Kelly Clements lembrou que "mais de 2,2 milhões de afegãos já estão a ser acolhidos pelo Irão e Paquistão", dois dos países vizinhos do país da Ásia Central, a par de Turquemenistão, Tajiquistão, Uzbequistão e China.

O Irão e o Paquistão são também local de residência de outros três milhões de afegãos, muitos dos quais não documentados, de acordo com o ACNUR.

"A fuga é, por vezes, não só o último recurso, mas também a única opção que as pessoas têm para sobreviver e gozar dos direitos humanos mais básicos", disse Clements, ao apresentar o plano regional do ACNUR de resposta para refugiados afegãos.

O plano inclui um apelo de 299 milhões de dólares (254,4 milhões de euros) para financiar as atividades das agências da ONU este ano, incluindo o ACNUR, o Programa Alimentar Mundial (PAM) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), bem como as organizações não-governamentais (ONG) que trabalham com as Nações Unidas.

"Um financiamento acrescido e imediato permitir-nos-á manter reservas de material de ajuda e estarmos prontos para uma resposta de emergência", disse Clements.

Mais de 558.000 afegãos foram forçados a abandonar a zona de residência no Afeganistão este ano, juntando-se aos cerca de 2,9 milhões deslocados internamente até ao final de 2020, de acordo com o ACNUR.

"Sabemos que a insegurança e a violência crescente deslocaram mais de meio milhão de afegãos só este ano, 80% dos quais são mulheres e crianças", disse Kelly Clements.

Os talibãs conquistaram o poder no Afeganistão em 15 de agosto, após uma ofensiva que intensificaram em maio, com o início da retirada das forças dos Estados Unidos e dos seus aliados.

Milhares de afegãos têm afluído diariamente ao aeroporto de Cabul desde então, e as forças internacionais já retiraram do país mais de 100.00 pessoas.