Joe Biden prometeu esta quinta-feira que os responsáveis pelos ataques no aeroporto de Cabul, que provocaram 12 baixas entre os militares norte-americanos, serão capturados e pagarão pelos atos perpetrados. O presidente dos Estados Unidos, numa intervenção transmitida a partir da Casa Branca, garantiu: "não vamos perdoar, não vamos esquecer".
"Aqueles que deram as suas vidas são heróis", disse Biden, "heróis que estiveram envolvidos de forma altruísta em missões perigosas destinadas a salvar vidas alheias". Antes de começar a responder a perguntas dos jornalistas presentes na Casa Branca, o presidente norte-americano fez um minuto de silêncio em homenagem às vítimas dos atentados bombistas desta quinta-feira, reivindicados pelo Daesh.
"Vamos responder com força e precisão a seu tempo, num lugar escolhido por nós e da forma que nós escolhermos", garantiu Joe Biden, enquanto revelava ter dado ordens aos comandantes militares para desenvolverem planos de ataque a ativos, lideranças e instalações do Daesh-K. "Estes terroristas do Daesh não vencerão, resgataremos os americanos, retiraremos os nossos aliados do Afeganistão e a nossa missão vai continuar", acrescentou o presidente dos Estados Unidos.
Mesmo com o ataque desta quinta-feira e perante o caos instalado em Cabul nos últimos dias, Biden mantém que a decisão correta foi a da retirada das tropas. “Minhas senhoras e meus senhores, já era tempo de terminar uma guerra que durava há 20 anos”, disse, acrescentando que nunca defendeu que se deveria “sacrificar vidas norte-americanas” para se tentar construir um governo democrático no Afeganistão. “É um país que em toda a sua história não esteve uma única vez completamente unido.”
E em seguida argumentou que o interesse dos EUA no país estavam relacionados com a prevenção do ressurgimento da al Qaeda. “Primeiro para apanhar [Osama] bin Laden, apagar a al Qaeda do Afeganistão e prevenir que tudo voltasse a acontecer. Tal como já disse mil vezes, o terrorismo está metastizado em todo o mundo. Temos ameaças maiores noutros países bem mais próximos dos EUA.”
Recordando que o acordo entre os EUA e os talibãs foi assinado pelo anterior presidente, Donald Trump, Biden diz que assume “a responsabilidade por fundamentalmente tudo o que aconteceu” nos últimos dias no Afeganistão. “Imaginem que a data fixada para a evacuação tinha sido 1 de maio. Eu não iria renegociá-la. Iríamos ficar lá e não teria outra alternativa além de enviar mais centenas de tropas para travar a guerra.” Só há uma exceção para serem enviados militares adicionais para o Cabul: caso as equipas que estão na missão de retirada precisem e peçam reforços. “Se precisarem de força extra, vou assegurá-la."
Biden admitiu também que depois de 31 de agosto, data limite fixada para retirar as pessoas de Cabul, os EUA vão tentar tirar do país alguns afegãos que tenham visto norte-americano. “Há milhões de cidadãos que não são talibãs, que não cooperaram diretamente connosco e que entrariam num avião amanhã, se essa oportunidade lhe fosse dada. Parece ridículo mas a grande maioria de pessoas, em comunidades como aquela, se tiverem opção de escolha, querem vir para os EUA”, disse. “Por isso é que ninguém pode garantir que todas as pessoas vão ser retiradas, porque existe esta determinação em todos eles de também quererem sair.