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Afeganistão. Explosões em Cabul foram provocadas por bombistas suicidas, Daesh reivindica o ataque que matou mais de 100 pessoas

Uma detonação aconteceu junto a uma entrada do aeroporto, outra num hotel próximo. As explosões aconteceram horas após vários países alertarem para a possibilidade de “um ataque terrorista iminente” naquela zona da capital do Afeganistão. O Daesh reivindicou o ataque que matou ainda 13 militares norte-americanos

Um ferido é assistido depois das explosões no aeroporto de Cabul
WAKIL KOHSAR

Duas explosões atingiram, esta quinta-feira, o aeroporto internacional Hamid Karzai, em Cabul, para onde continuam a acorrer milhares de afegãos que tentam fugir do país antes de os militares estrangeiros saírem definitivamente do país. O ataque, reivindicado pelo Daesh, provocou a morte de pelo menos 95 pessoas morreram e 150 feridos, indicou uma fonte oficial, citada pela agência de notícias espanhola EFE. Este total, que a CNN estima em mais de 90, de acordo com uma fonte do Ministério da Saúde afegão, será apenas de civis.

O Comando Central dos Estados Unidos, Kenneth McKenzie, dá ainda conta de 13 militares norte-americanos mortos, tendo ainda ficado feridos 18, segundo as autoridades do país. O responsável afirmou que o ataque envolveu dois bombistas suicidas e foi seguido de tiros disparados por vários atiradores. acrescentou esperar que os ataques prossigam e que o foco dos militares norte-americanos está agora concentrado noutras ameaças extremas ao aeroporto da capital do Afeganistão.

As detonações aconteceram horas após vários países que estão a retirar as suas tropas do Afeganistão alertarem para a possibilidade de “um ataque terrorista iminente” e “altamente mortífero” naquela zona da capital afegã.

Uma das explosões ocorreu junto à entrada Abbey do aeroporto onde, nos últimos dias, têm estado estacionadas tropas britânicas. Uma outra explosão, igualmente fora do perímetro do aeroporto, rebentou junto ao Hotel Barons.

Após o primeiro rebentamento, David Martinon, embaixador de França no Afeganistão, tinha lançado no Twitter um alerta desesperado para o perigo de uma segunda explosão. “A todos os nossos amigos afegãos: Se estiverem perto dos portões do aeroporto, saiam com urgência e procurem abrigo. Uma segunda explosão é possível.”

Uma terceira explosão ocorreu também em Cabul, após o duplo atentado. A terceira explosão na capital afegã foi ouvida por muitos cidadãos e jornalistas locais, que logo partilharam nas redes sociais, embora, por enquanto, não haja pormenores sobre a magnitude da nova explosão.

A tensão em redor do aeroporto de Cabul tem aumentado quanto mais se aproxima o dia 31 de agosto, a data final para a saída das tropas estrangeiras do país.

Ao desespero de milhares de afegãos que tentam apanhar boleias das últimas tropas estrangeiras que estão de saída do Afeganistão, somavam-se informações credíveis apontando o perigo de “um ataque terrorista iminente” e “altamente mortífero” na zona do aeroporto.

No centro das suspeitas acerca da autoria das explosões surgiu o “Estado Islâmico — Província Khorasan” (Daesh-K), um braço da organização terrorista que está ativo no Afeganistão, e que se posiciona no terreno como um inimigo dos talibãs. O ataque foi, entretanto, reivindicado pela organização terrorista.

Horas antes, Reino Unido, Estados Unidos e Austrália tinham emitido alertas aconselhando os seus nacionais a abandonarem a zona do aeroporto.

Reações de preocupação

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse estar “muito preocupado” com as notícias das explosões em Cabul. “Precisamos de assegurar que a instabilidade atual não possa dar origem a um ressurgimento do terrorismo”.

Em Londres, o primeiro-ministro Boris Johnson convocou uma reunião do gabinete interdepartamental de crise (COBR) para esta quinta-feira. O Reino Unido tem ainda em curso voos de resgate de cidadãos que estão no Afeganistão.

Na quarta-feira, já o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, tinha defendido que a ameaça terrorista no Afeganistão não é “teórica” mas “um perigo real”.

Notícia atualizada às 9h45 de 27/08 com nova atualização do número de mortos e feridos