Eram 4h da manhã quando as sirenes tocaram. Seguiu-se o altifalante com o aviso: Hulya e Aziz tinham de fugir de casa. Não havia tempo a perder.
Naquela noite já não tinham conseguido dormir. Sabiam que o fogo rondava por perto. Conseguiam sentir-lhe o cheiro, depois avistar a coluna de fumo que parecia estar já muito perto da casa onde vivem em Marmaris, na costa do mar Egeu, e que fica colada à floresta. A mesma casa que guarda todas as memórias de uma vida.
Hulya não teve tempo para levar nada consigo. No meio do desespero agarrou em duas fotos dela e de Aziz de quando eram novos, ainda a preto e branco, tiradas pouco tempo depois dos dois se terem casado. Ao menos preservava essa memória, pensou. Mas, naquele momento de aflição, acabou por também deixar as fotografias para trás.
“Se todas as minhas memórias forem destruídas, então esta também o será”, recorda, agora, em conversa com o Expresso.