A companhia aérea irlandesa Ryanair confirmou esta terça-feira que suspendeu as rotas que sobrevoam o espaço aéreo da Bielorrússia, em cumprimento das determinações da União Europeia (UE). Um dos seus aviões foi desviado no domingo para Minsk pelo regime ditatorial de Alexandr Lukashenko, que prendeu o jornalista crítico Roman Protasevich.
“Estamos a seguir a diretriz da UE e não há voos planeados que sobrevoem o espaço aéreo da Bielorrússia”, fez saber, num breve comunicado, a companhia irlandesa, líder europeia no setor de baixo custo.
Somingo, um avião da Ryanair que fazia a rota Atenas-Vilnius foi desviado para Minsk, devido a alegada suspeita de bomba. A bordo da aeronave estavam o ativista bielorrusso Roman Protasevich e a sua companheira, que foram detidos pelas autoridades bielorrussas. Outros quatro passageiros saíram na capital bielorrussa, suspeita-se que agentes secretos do regime.
Os dirigentes europeus, reunidos em Bruxelas, decidiram na segunda-feira pedir às companhias aéreas europeias que evitem o espaço aéreo bielorrusso, enquanto excluem do espaço comunitário as transportadoras da Bielorrússia e exigem mais sanções contra o regime de Lukashenko.
Investigação urgente pedida
Os 27 exigiram ainda uma “investigação urgente” pela Organização da Aviação Civil Internacional, bem como a “libertação imediata” de Protasevich e da sua namorada, Sofia Sapéga, detida no mesmo voo.
Várias companhias aéreas, incluindo a Air France, a Singapore Airlines, a holandesa KLM e a finlandesa Finnair, anunciaram terça-feira que vão suspender o sobrevoo do espaço aéreo da Bielorrússia. A alemã Lufthansa, a escandinava SAS e a letã airBaltic fizeram o mesmo na segunda-feira.
A Ucrânia também decidiu suspender todos os voos de e para a Bielorrússia, encerrando o espaço aéreo do país vizinho às suas companhias aéreas. A Lituânia também vai proibir voos, de ou para o seu território, que cruzem o espaço aéreo bielorrusso.
Cerca de 2000 aviões por semana fazsem voos comerciais que atravessam espaço aéreo bielorrusso, segundo a organização Eurocontrol. Vários países e organizações internacionais condenaram a ação da ditadura de Lukashenko. Esta garante ter agido dentro da legalidade.
Protasevich foi diretor dos canais Telegram Nexta e Nexta Live, que se tornaram principais fontes de informação nas primeiras semanas de protestos antigovernamentais após as eleições presidenciais de agosto de 2020 na Bielorrússia. No poder há 27 anos, Lukashenko foi declarado vencedor com 80% dos votos, o que é contestado pela oposição e não reconhecido pela UE.
Perante um vasto movimento de protesto contra a sua reeleição, Lukashenko orquestrou uma campanha de repressão contra a oposição e os meios de comunicação independentes do país. Centenas de jornalistas foram detidos e cerca de 20 estão ainda presos. Em outubro de 2020, a UE impôs sanções a Lukashenko, reforçando as medidas restritivas adotadas contra repressores das manifestações pacíficas no país.